Novo acordo com Académica mantém cedência gratuita mas apenas para prática desportiva. Rendas dos espaços servirão para custear manutenção do estádio.
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A Câmara de Coimbra vai ficar responsável pela realização de espetáculos culturais ou musicais no Estádio Cidade de Coimbra, um espaço municipal que tem estado entregue à Académica. A decisão faz parte de um novo acordo de gestão aprovado, ontem à noite, quarta-feira, por unanimidade, em reunião de Câmara. O documento tem de ser, agora, ratificado em Assembleia Municipal e em assembleia geral de sócios da Associação Académica de Coimbra - Organismo Autónomo de Futebol (AAC-OAF).
O presidente da autarquia, José Manuel Silva (coligação liderada pelo PSD), realçou que a cedência do estádio do município ao principal clube de futebol de Coimbra para a prática desportiva nunca foi uma questão, o problema é a "parte comercial", pois a lei não permite o financiamento de um clube de futebol profissional por parte de uma autarquia.
Segundo o novo acordo, que tem a duração de quatro anos, a Câmara mantém a cedência gratuita à Académica, mas "conserva para si o direito de utilizar ou de ceder a terceiros a utilização do Estádio, nomeadamente para a realização de eventos/espetáculos de caráter desportivo, cultural, musical ou outro". Terá 60 dias para avisar o clube e deverá proceder à limpeza e reparação de quaisquer danos que se verifiquem.
Para o União e outros
A Académica fica obrigada a "conceder gratuitamente, ao Clube União 1919 ou a outros clubes do concelho, o direito de utilização do equipamento desportivo". As outras coletividades poderão realizar partidas, mas desde que as datas não colidam com jogos oficiais da AAC-OAF.
Quanto às receitas arrecadadas com a renda de espaços no estádio, terão de ser usadas para obras de manutenção e conservação do equipamento. O remanescente poderá ser usado para formação ou criação de uma equipa de futebol feminino não profissional, mas não para financiar "custos ou encargos relacionados, direta ou indiretamente, com a sua atividade desportiva", lê-se no documento.
José Manuel Silva disse, ontem que, excetuando a cobertura, o estádio está num "adequado estado de utilização", mas porque "foi objeto de 500 mil euros de investimento" da empresa que, no ano passado, promoveu naquele local quatro concertos dos ColdPlay. Estes eventos permitiram ao clube encaixar uma verba de 300 mil euros.
A vereadora Regina Bento (PS) classificou o processo como uma "trapalhada que não dignificou as instituições". Francisco Queirós (PCP-PEV) sublinhou que é importante apoiar o "movimento associativo e desportivo", mas sem esquecer que o estádio é municipal.