Os munícipes de Lisboa podem beneficiar, desde esta quinta-feira, de apoio à gestão financeira do orçamento familiar no contexto da inflação, através do gabinete "Finanças Saudáveis", que resulta de um protocolo entre a câmara e a associação DECO.
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"Na inflação, o pior é que as pessoas que têm menos conhecimento são as que mais sofrem", afirmou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, na inauguração do gabinete.
Localizado no edifício da Câmara Municipal de Lisboa no Campo Grande, o gabinete funciona com especialistas da DECO - Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor, com atendimento técnico todos os dias úteis, de forma presencial às segundas, quartas e sextas-feiras das 14 às 18 horas e às terças e quintas-feiras das 9 às 13. Também haverá atendimento através de uma linha gratuita, com o número 800 910 523.
O gabinete "Finanças Saudáveis" pretende ajudar os munícipes de Lisboa no acompanhamento do orçamento familiar, apoio à restruturação de contratos de crédito e/ou dívidas e aconselhamento para auxílios públicos na energia, alimentação e outros apoios sociais.
Espero que os lisboetas possam vir aqui ser, no fundo, informados, porque isto é uma questão de informação
A iniciativa insere-se no pacote de medidas de combate à inflação em Lisboa, tendo a autarquia celebrado um protocolo com a associação DECO para a "criação e manutenção em funcionamento de um gabinete de apoio às famílias sobreendividadas e da dinamização de diversas ações ao mesmo inerentes", em que o município transfere "até ao montante total de 95.070 euros", verba que é repartida entre este ano e 2024.
"Espero que os lisboetas possam vir aqui ser, no fundo, informados, porque isto é uma questão de informação", sublinhou Carlos Moedas, referindo que as pessoas serão atendidas com a privacidade devida e poderão "estar à vontade para fazer aquelas perguntas que muitas vezes não têm coragem de fazer em público", porque os especialistas da DECO podem responder "sem rodeios e de maneira simples".
Referindo que Portugal perdeu, no último ano, 10% da riqueza, o que se reflete no poder de compra, o autarca afirmou que "o efeito da inflação é terrível para aqueles que são mais vulneráveis, para aqueles que têm menos rendimento", pelo que a função do poder político é "poder ajudar as pessoas para que elas se defendam, porque a inflação é realmente terrível, é um vírus terrível, que vai afetando as pessoas, mas que as pessoas nem se dão conta".
Falta de literacia financeira
"Este trabalho da DECO, com a criação deste gabinete, pode acompanhar as famílias naquilo que é o dia a dia, de como é que nós vamos conseguir gerir as nossas finanças e eu aqui faço um apelo a todos, porque há muitos que estão aqui hoje presentes, muitos até que vivem no dia a dia a pensar que não precisam de ajuda, mas nós precisamos de ajuda, precisamos de ajuda: como é que nós vamos, a partir de agora, nas nossas famílias, conseguir gerir os orçamentos com todas estas dificuldades?", apontou o social-democrata.
Além da preocupação com o aumento dos preços dos bens essenciais, nomeadamente do cabaz alimentar, Moedas realçou o problema de "falta de literacia financeira", em que o Banco Central Europeu colocou Portugal como o pior país da Zona Euro, e de falta de informação sobre o apoio à reestruturação de contratos de dívida e de crédito.
O presidente da DECO, Luís Silveira Rodrigues, reforçou que "cidadãos mais informados ficam mais capacitados para mitigar eventuais impactos adversos nas suas finanças pessoais, tornam-se financeiramente mais resilientes".