Novo Centro de Acolhimento de Refugiados cai por terra. Câmara de Lisboa abdica de candidatar projeto a fundos europeus.
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A Câmara de Lisboa não submeteu a fundos europeus um novo Centro de Acolhimento de Refugiados em projeto há quase um ano. O prazo para a candidatura, preparada pelo vereador dos Direitos Sociais, Manuel Grilo (BE), terminava na sexta-feira e não avançou. "Unilateralmente, o Partido Socialista decidiu não submeter a candidatura, abdicando de meio milhão de euros de fundos europeus. O município perde assim o acesso a 75% de financiamento a um projeto cuidadosamente desenhado ao longo dos últimos meses", avançou o gabinete do vereador Manuel Grilo ao final desta tarde de sábado.
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O novo equipamento para aumentar a capacidade de alojamento temporário dos migrantes que chegam a Portugal representava um investimento de aproximadamente 700 mil euros, sendo 75% financiado por fundos europeus. "Ao recusar submeter esta candidatura, o PS não hesitou em lançar suspeitas sobre a competência dos serviços que a prepararam na Câmara (pelouro dos Direitos Sociais, responsabilidade do Bloco de Esquerda) e na Junta de Freguesia de Carnide (executivo CDU). Essa deriva da vereação socialista esconde mal as suas verdadeiras razões: a desvalorização da resposta municipal de acolhimento de refugiados e o sectarismo político", acusa a vereação bloquista.
"Num momento em que, sob a pandemia, a cidade está pressionada pela sobrelotação de respostas de acolhimento temporárias para requerentes de asilo, esta seria uma resposta de antecipação. Sendo uma responsabilidade do governo, a vereação do Bloco tem encetado contactos com administração central, questionando as condições de alojamento de refugiados em Lisboa ou de prestação de assistência em Saúde às pessoas que regressam do isolamento devido a covid positivo", diz ainda.
O novo equipamento permitiria aumentar em 26 vagas a oferta de acolhimento a refugiados, podendo passar até 100 pessoas por ano pelo espaço. Neste momento, o único Centro de Acolhimento Temporário a Refugiados (CATR) existente em Lisboa, na freguesia do Lumiar, tem capacidade para 24.
O CATR estava previsto para o edifício que alberga a Biblioteca Natália Correia e o Centro Cultural de Carnide, no Bairro Padre Cruz. Uma vez que já estavam pensados para este edifício outros espaços comunitários foi negociado com a Junta de Carnide "um plano de intervenção que permitisse integrar as duas funções, a de espaço comunitário e a de acolhimento de pessoas que requerem proteção internacional".
O JN enviou questões à Câmara de Lisboa para perceber os motivos da rejeição da candidatura, mas não obteve respostas até ao momento. Fonte oficial do gabinete do vereador Manuel Grilo garante que "não vão desistir" do projeto. "A Junta de Carnide quer, a cidade precisa, vamos insistir", promete.