Sem comer, nem dormir, alguns moradores das Marinhas do Tejo, em Santa Iria da Azóia, enfrentam a ameaça de perder amanhã a casa onde vivem há cerca de dois anos. A câmara deu-lhes 48 horas para arranjarem alternativa. Alguns já começaram a mudar os pertences para baixo de uma ponte. Imagens de Rita Chantre.
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A tristeza e a preocupação estão bem estampadas na cara de Inês Teresa, uma são-tomense de 41 anos, que chegou há mais de ano e meio às Marinhas do Tejo, onde, numa minúscula casa de alvenaria, vive com o companheiro, a filha mais velha Jéssica, de 20 anos, e a mais nova, Iris, que tem apenas um mês e 15 dias.
"Não sou capaz de comer. Fiz comida, mas não lhe toquei e também não consigo dormir", confessa ao JN, com a pequena Iris enrrolada num pano que traz às costas, enquanto estende roupa, no improvisado quintal daquele núcleo junto ao Tejo, onde atualmente vivem cerca de 70 pessoas, todas imigrantes de São Tomé. Chegaram ali há dois anos, quando as casas instaladas num terreno privado estavam desabitadas e algumas praticamenete em ruína.
Como Inês, todos os moradores das Marinhas do Tejo foram confrontados, na tarde de terça-feira, com o aviso da Câmara Municipal de Loures, que é bem explícito: "Avisam-se os moradores/ocupantes da presente construção, que em virtude de tratar de uma construção precária e clandestina, insuscetível de legalização urbanística, foi determinado por despacho da senhora vice-presidente, datado de 9/12/2024, que a Câmara Municipal de Loures dará início ao processo de demolição no prazo de 48 horas".