O presidente da Câmara de Monforte, Gonçalo Lagem (CDU), considerou, esta quinta-feira, "dramática e desastrosa" a situação financeira do município, o que pretende inverter a "curto prazo" com várias medidas, como a venda de património.
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O município de Monforte, no distrito de Portalegre, vive uma situação financeira "muito difícil", mas os "salários dos funcionários estão assegurados", disse Gonçalo Lagem, em declarações à agência Lusa.
A cumprir o primeiro mandato à frente da Câmara de Monforte, o autarca prevê "montar uma estratégia" para "inverter" a atual situação financeira do município, que passará pela venda de património.
Gonçalo Lagem explicou que as finanças da câmara agravaram-se depois de a Direção Geral das Autarquias Locais (DGAL) ter informado que iria ser feita uma retenção de "20 por cento" nas transferências do Orçamento do Estado, até perfazer 240 mil euros.
O montante de 240 mil euros, segundo o autarca, deveria ter sido aplicado, em 2012, mas não o foi por força do não pagamento dos subsídios de férias e de Natal.
"Essa mais-valia, essa poupança, deveria ser obrigatoriamente aplicada em dívida a fornecedores e isso não aconteceu", lamentou.
Além do corte de 20 por cento nas verbas do Fundo de Equilíbrio Financeiro (FEF) até perfazer um total de 240 mil euros, o município tem que liquidar, até ao final deste ano, um empréstimo no valor de 366 mil euros.
"Este empréstimo de há 30 anos e que passou de ano para ano tem de ser pago até dezembro, porque a Lei das Finanças Locais obriga, a partir de agora, que os empréstimos de curto prazo têm de ser amortizados até ao último dia do ano e isto corta-nos as pernas", declarou.
O município de Monforte, indicou, recebe cerca de 330 mil euros por mês do FEF e gera receitas próprias mensais de pouco mais de 10 mil euros, ao passo que a despesa mensal é de cerca de 200 mil euros para vencimentos, 100 mil euros para amortização de empréstimos e mais 50 mil euros para pagamento de outros serviços.
Segundo Gonçalo Lagem, a câmara está a delinear uma "estratégia" que vai passar por "um maior controlo da despesa" e por "pressionar" os devedores ao município.
Os investimentos previstos para este ano também vão ser "repensados", estando ainda em cima da mesa a a venda de património.
"Vamos vender património, temos obrigatoriamente que vender", disse.
Com um orçamento para este ano de cerca de seis milhões de euros, a Câmara de Monforte tem uma dívida de médio e longo prazo de cerca de três milhões de euros, mais 800 mil euros de dívidas a fornecedores.