Câmara de Sintra aprova por maioria recomendar nome de Basílio Horta para novo hospital
A Câmara de Sintra aprovou esta terça-feira, por maioria, uma recomendação para o Governo atribuir o nome do presidente do município, Basílio Horta (PS), ao hospital de proximidade construído pela autarquia, após ter recomendado em 2017 o médico Carlos França.
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Segundo uma proposta subscrita por quatro vereadores socialistas, um do CDS-PP e um independente, o executivo municipal decidiu, em reunião pública, "recomendar ao Governo da República Portuguesa que o Hospital de Proximidade de Sintra se passe a nomear: "Hospital Dr. Basílio Horta"".
A proposta, aprovada por maioria, com os votos a favor dos proponentes e contra de três vereadores do PSD e um da CDU (PCP/PEV), salienta que o presidente da autarquia, distinguido com a Ordem do Infante D. Henrique, "tem vindo nos últimos 12 anos em Sintra a contribuir para o bem comum" e "o desenvolvimento económico-social deste território multicultural".
Antigo deputado constituinte, ministro em várias pastas, embaixador junto da OCDE e presidente da Área Metropolitana de Lisboa, entre outros cargos, Basílio Horta demonstrou "determinação em servir a população de Sintra", substituindo-se às competências e atribuições do Estado central, não se resignando e empenhadamente envolvendo o município" na construção do novo hospital, lê-se na proposta.
Os subscritores, pretendendo reconhecer "em vida", ao contrário do que costuma acontecer, o trabalho realizado, propõem "homenagear alguém tão ímpar como o presidente Basílio Horta, projetando a sua determinação e perseverante sentido de missão".
O vice-presidente da autarquia, Bruno Parreira (PS) explicou que a câmara recomendou antes ao Ministério da Saúde o nome de Carlos França, mas "alguns vereadores" entenderam que não "tendo sido acatada" se "deve fazer uma nova recomendação", com o nome de Basílio Horta.
O vereador Luís Patrício (PSD) referiu que, em 21 de fevereiro de 2017, quando "se avançou com a ideia de se construir o hospital", até por haver casos "de patronos que nem têm nada a ver com os concelhos onde os hospitais são construídos", Carlos França era, "em termos da medicina, uma das figuras que mais se internacionalizou" e conquistou "fama e respeito pelos seus pares".
"Nesse sentido, tendo a proposta aprovada, penso que não faz sentido agora fingir que ela não existiu. O Ministério não acatou porque, que eu saiba, essa questão nem se chegou a pôr ao Ministério", argumentou.
Para Luís Patrício, apesar da disponibilidade para "participar numa qualquer homenagem ao presidente Basílio Horta", que merece "reconhecimento dos seus pares, independentemente dos partidos", a tradição mostra que os hospitais públicos "têm nomes de santos" ou de médicos.
"Julgo que esta proposta não deve ser colocada no fundo como qualquer elemento que possa de alguma forma tocar no legado do presidente Basílio Horta", que "vai deixar um legado de 12 anos", afirmou Pedro Ventura, da CDU.
O autarca considerou tratar-se de "um tema muito sensível", pelas questões aludidas por Luís Patrício, mas também por se estar "num período eleitoral autárquico, sob pena do nome" de Basílio Horta "de repente passar para a discussão política e para a praça pública".
"Este tipo de decisões, que são de facto decisões de grande peso político, devem merecer um largo consenso de todas as forças políticas", defendeu o vereador com o pelouro da Intervenção nas Cidades e Reabilitação Urbana, referindo que a CDU não tem "neste momento politicamente condições para proceder à aprovação" da recomendação.
Nuno Afonso, vereador independente (ex-Chega), explicou que subscreveu a proposta por ser "justa", por todo o trabalho realizado, e também concordando-se ou não com a construção do hospital, "foi muito graças à vontade do presidente Basílio Horta que o hospital acabou construído".
O vereador Maurício Rodrigues (CDS-PP), ressalvando desconhecer a proposta anterior de Carlos França, também sublinhou que, apesar de não ter concordado em "muitas coisas" com o presidente, "realmente construiu o hospital, há muito prometido por muitos", com "a coragem e o engenho de o levar para a frente".
A Câmara de Sintra entregou o edifício do novo hospital à Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora-Sintra em junho de 2024, investindo 63,8 milhões de euros na construção, mas "as contas ainda não estão fechadas", segundo fonte oficial da autarquia.
A aquisição de equipamentos e mobiliário ascendeu a mais de 17 milhões de euros e em julho passado abriu portas, com a transferência da Urgência Básica de Algueirão-Mem Martins.
Devido à lei da limitação de mandatos, o presidente da Câmara de Sintra não se pode recandidatar nas eleições autárquicas de 12 de outubro.