"Uma barbaridade que não se coaduna com os tempos que correm”. É desta forma que o Bloco de Esquerda (BE) qualifica a garraiada prevista para o próximo domingo, em Rio Mau, Vila do Conde. A autarquia garante que não sabia do evento.
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O BE repudia a iniciativa, organizada pela Comissão de Festas de São Cristóvão, e incita câmara e junta de Freguesia a impedirem a realização do evento. A autarquia diz que foi “surpreendida” pelas perguntas do JN. Garante que “não sabia de nada” e está, agora, “a avaliar” a situação.
“É impensável que, ao abrigo do artigo 1.º da Lei n.º 92/95, de 12 de setembro de 1995, qualquer animal seja sujeito a violência injustificada”, lembra o Bloco, citando a referida lei, que proíbe “todas as violências injustificadas contra animais”, bem como a utilização de “animais para fins didácticos, de treino, filmagens, exibições, publicidade ou actividades semelhantes, na medida em que daí resultem para eles dor ou sofrimentos consideráveis” (artigo 3.º).
“Contactamos as instituições eleitas - Câmara de Vila do Conde e Junta de Freguesia de Rio Mau - para que, no cumprimento da lei, impeçam em tempo útil a realização deste evento anacrónico, e publicamente se distanciem de atos que perpetuem a violência contra os animais”, frisam ainda os bloquistas.
O BE entende que a garraiada tem “uma crueldade subjacente” e, como tal, a realização do evento deve ser travada pelas autoridades competentes. Critica ainda a organização e as quatro instituições que a apoiam: um café, um talho, uma empresa de construção civil e uma rádio local.
A garraiada de Rio Mau chegou a estar agendada para 5 de maio, mas as más condições atmosféricas obrigaram a adiar o evento.
A corrida de touros jovens (novilhos) vai decorrer num terreno privado, com bilhetes a cinco euros por pessoa e está inserida no programa de iniciativas destinadas a angariar fundos para as festas em honra de São Cristóvão, que se realizam no final de julho.
Em agosto de 2022, recorde-se, a associação Juntos pelo Mundo Rural e o empresário Paulo Pessoa de Carvalho tentaram organizar uma corrida de touros numa outra freguesia de Vila do Conde - Ferreiró. Na altura, a câmara travou o evento, que acabou cancelado. A associação lembrava que “as corridas de touros estão consagradas na lei e na Constituição e são a realização do direito à cultura de um povo” e recorreu mesmo a tribunal. De nada valeu.
Desta vez, o JN tentou perceber se a autarquia autorizou o evento. A Câmara garante que “não entrou qualquer pedido de licenciamento” e que só soube da garraiada pelo JN. Agora, está reunida com a Junta de Freguesia e com a Comissão de Festas “para avaliar a situação”.