Dia 23 de julho em Bagunte, Vila do Conde, um mês depois em Baião. Seriam duas corridas de touros para "prestar homenagem às praças da Póvoa de Varzim e de Viana do Castelo" (já desativadas) e mostrar "que a tauromaquia está viva no norte do país", mas a Câmara de Vila do Conde já disse que não vai autorizar.
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A Juntos pelo Mundo Rural - Associação Ibérica de Defesa da Caça, Pesca, Tradições e do Mundo Rural anunciou, com orgulho, as duas touradas: a 23 de julho, em Vila do Conde, na freguesia de Bagunte e a 23 de agosto em Baião. Era, explicava, "o regresso das corridas de touros ao Norte, num sinal inequívoco para os aficionados da Póvoa de Varzim e do norte que a tauromaquia está viva no norte do País" e "uma singela homenagem às Praças de Touros da Póvoa e Viana do Castelo que se veem impedidas de receber os seus aficionados". Os dois espetáculos iam decorrer em praças amovíveis, a montar em terrenos privados, e prometiam "cartéis de excelência".
"Nunca ninguém falou connosco. Fomos surpreendidos pelo anúncio. Vila do Conde não é terra de touradas e nós dizemos, de forma firme, que não queremos isto em Vila do Conde. Não é nada contra as touradas. Onde é tradição, cada um sabe de si. Aqui não é", afirmou, ao JN, o presidente da Câmara de Vila do Conde, Vítor Costa, que garante que não irá permitir a realização da corrida em Bagunte.
É verdade que o licenciamento da atividade em si cabe à Inspeção-Geral das Atividades Culturais (IGAC), mas "há outras autorizações que ficam nas mãos das autarquias (nomeadamente, relativamente ao ruído)" e dependentes ainda de pareceres da autoridade policial competente (GNR, no caso) e da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).
Viana e Póvoa sem touradas
Em Viana, a praça de touros, inaugurada em 1948, recebeu a última corrida em 2008. Um ano depois, o concelho tornou-se o primeiro município anti-touradas em Portugal. Em 2012 e 2013, ainda houve corridas em praças amovíveis, mas, desde então, a Câmara tem conseguido impedir a sua realização. Agora, no lugar da praça está já em construção o novo complexo desportivo, num investimento de 3,7 milhões de euros.
Em agosto de 2018, a praça de touros poveira recebeu a sua última corrida. A Câmara já havia anunciado a demolição do espaço, que dará lugar ao pavilhão Multiusos Póvoa Arena. Em 2019 e 2020, a PróToiro - Federação Portuguesa de Tauromaquia anunciou corridas na Póvoa. Terrenos privados, praças amovíveis. Nunca se concretizaram.
Em dezembro de 2020, quando a demolição da praça de touros começou e a obra do Póvoa Arena se preparava para arrancar em força (num investimento superior a 8,7 milhões de euros), a Patripove - Associação de Defesa e Consolidação do Património Poveiro, deu entrada de uma providência cautelar no Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto. A obra parou. Já em abril deste ano, o tribunal deu razão à autarquia, mas até agora a obra ainda não avançou.