Empresários dizem que foram apanhados de surpresa. Agora, têm um mês para arranjar outras instalações.
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Têm 30 dias para abandonar o espaço as 41 empresas que estão no antigo Centro de Incubação do IEMinho (Instituto Empresarial do Minho), em Soutelo, Vila Verde. Os empresários estão a ser intimados pelo administrador de insolvência, Nuno Albuquerque, a abandonar o espaço num mês, prazo mínimo legal para a revogação dos contratos.
A exigência de saída prende-se com a realização da escritura de venda do imóvel ao Município, que chegou a estar agendada para a passada sexta-feira, mas que foi adiada para 18 de junho, dado que a Câmara só o adquire se estiver livre de ónus e encargos.
Um dos empresários ali sediado disse, ao JN, que todos foram apanhados de surpresa, na medida em que, desde que o organismo ficou insolvente, em 2018, tudo funcionou normalmente: "Pensávamos que iríamos ali continuar, agora sob gestão camarária. Vamos ter de encontrar um novo pouso", lamentou. No total, trabalham ali 102 pessoas.
Comprou prédio e terrenos
Contactado, Nuno Albuquerque, que representa os credores, não quis comentar o assunto. Já o presidente da Câmara, António Vilela, explicou ao JN que a Autarquia comprou o prédio e terrenos envolventes por 850 mil euros e não o IEMinho, até porque aquele organismo foi à falência.
Adiantou que o Tribunal de Contas exige que a "aquisição seja feita sem quaisquer encargos para o Município, ou seja, autorizou a compra apenas do edifício".
Adianta que, após a escritura, o Executivo camarário nomeará uma equipa de gestão, a qual irá elaborar os respetivos regulamentos de funcionamento e decidir o futuro a dar à infraestrutura.
Em 2015, o Estado suspendeu ilegalmente os pagamentos de fundos comunitários à extinta AIMinho - Associação Industrial do Minho, privando-a de uma verba que, com juros, chegaria aos dez milhões. O que a levou à insolvência. O IEMinho também foi abrangido pelos cortes, 3,06 milhões, facto que originou a sua falência.
As sentenças têm apenas "valor moral", sobretudo para o último presidente da AIMinho, António Marques, que sempre reclamou uma dívida estatal, apontando-a como causa da falência. A suspensão teve como justificação a de o Ministério Público ter aberto um inquérito-crime à atuação da AIMinho, a qual culminou numa acusação com 122 arguidos, que deve ser julgada ainda este ano, e que envolve o IEMinho.
SAIBA MAIS
Vários setores
Em incubação estão, entre outras empresas, uma de moldes, centro de apoio à vida independente, sistemas informáticos, produção de eventos, comercialização de vinhos, desmonte de rocha com explosivos, engenharia e gestão do ambiente, energias renováveis, tratamento de informação geográfica, arquitetura, consultoria em floresta, software para a saúde e para a agricultura.
Nasceu em 2002
O Instituto nasceu em 2002 e funcionou desde 2005. Tinha 752 mil euros de capital social repartidos pela extinta AIMinho, Câmara, UMinho (que pediu para sair), Associação Comercial de Braga, 2Bvangarve, Adrave e Idite-Minho.