Uma reportagem de um jornalista alemão denunciou uma banca de venda de fruta do Mercado dos Lavradores, na Madeira, acusando-a de adicionar açúcar em fruta exótica, inflacionando os preços e enganando os clientes. A Câmara já anunciou a abertura de um inquérito a três pontos de venda.
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O Mercado dos Lavradores, no Funchal, foi o mais recente alvo do jornalista alemão Peter Geisel, dono de uma produtora de documentários que se tem dedicado a percorrer o mundo para divulgar casos de fraudes e burlas a turistas. Um vídeo publicado na segunda-feira no canal de YouTube do programa online mostrou Geisel a visitar uma banca de venda de fruta no emblemático mercado madeirense, depois de ter recebido várias denúncias a darem conta de fraudes: os vendedores adicionariam açúcar à fruta dada a provar aos clientes, tornando-a melhor do que na realidade é e levando-os a comprá-la.
Na visita ao mercado, o jornalista testou a tese: comprou a fruta exótica a preço elevado e, supostamente, muito doce, depois de ter experimentado pedaços arranjados na banca pelos concessionários. Depois, comeu o que tinha comprado no hotel e percebeu que a fruta era ácida, muito diferente da que tinha provado. Recolhidas amostras dos produtos dados a provar aos turistas, a produtora "Achtung Abzocke" descobriu que havia 10 gramas de açúcar diluídos por cada 100 gramas de fruta.
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Inquérito a três espaços do mercado
Na sequência da divulgação do documentário, a Câmara do Funchal anunciou, na terça-feira, ter aberto um inquérito interno a três espaços de venda de fruta do Mercado dos Lavradores devido a queixas relacionadas com a venda fraudulenta de fruta, no que diz respeito à "adição de açúcar e à prática de preços discricionários e inflacionados". A denúncias em casa foram "reportadas à Divisão de Mercados" do município "por diversos canais", informou a autarquia.
O município refere que a fiscalização municipal "tem trabalhado em estreita articulação com as demais entidades com competências na matéria", nomeadamente PSP, GNR e Autoridade Regional das Atividades Económicas (ARAE), avaliando "periodicamente o cumprimento das normas constantes no Regulamento dos Mercados Municipais do Município do Funchal e demais obrigações legais dos concessionários, de forma a que os mercados municipais possam oferecer um serviço de excelência".
Embora a Câmara tenha vindo a reportar à ARAE todas as queixas manifestadas e interceda junto dos vendedores para que cumpram as obrigações legais, as situações "irregulares" têm sido "recorrentes". Sublinhando que a maioria dos vendedores "exerce a sua atividade com seriedade, brio e profissionalismo", a Autarquia garantiu que "não irá admitir que alguns reiterados maus exemplos ponham em causa o bom nome" do mercado.