O presidente da Câmara do Porto revelou que está disposto a garantir sozinho as obras no Coliseu. Rui Moreira confirmou também que irá recusar, no Conselho Metropolitano do Porto, propostas que envolvam solidariedade para com outras autarquias. Como primeira medida, o Porto sai da Empresa Metropolitana de Transportes.
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O presidente da Câmara do Porto revelou, esta segunda-feira, que está disposto a avançar sozinho com uma candidatura a fundos comunitários para garantir as obras no Coliseu. Rui Moreira confirmou também que, a partir de agora, vai zelar "pelos interesses" da cidade, estando indisponível para aprovar, no Conselho Metropolitano do Porto (CMP), propostas que envolvam solidariedade para com outras autarquias. Como primeira medida, o Porto sai da Empresa Metropolitana de Transportes.
"Não vamos deixar cair o Coliseu", assegurou Rui Moreira, no final da reunião do Executivo, garantindo que a Câmara do Porto está disponível para "ir buscar à sua gaveta de fundos" comunitários a comparticipação do Portugal 2030 necessária para a concretização das obras de remodelação do Coliseu.
Porém, Rui Moreira lançou um repto: "Outros municípios podem juntar-se ao Porto. Afinal, dos 17 só sete votaram contra". Rui Moreira referia-se à votação de sexta-feira passada, no Conselho Metropolitano do Porto, em que Valongo, Arouca, Vale de Cambra, Espinho, S. João da Madeira, Santa Maria da Feira e Oliveira de Azeméis se opuseram a apoiar as obras no Coliseu.
De resto, uma votação que levou o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, a anunciar um boicote a todas as propostas que envolvessem solidariedade metropolitana. Uma intenção que Rui Moreira reiterou, ontem, num dia em que já tomou a primeira medida, ao retirar da ordem de trabalhos da reunião do Executivo uma proposta para aprovar o segundo aditamento ao contrato interadministrativo de delegação de competências, no âmbito da constituição da Empresa Metropolitana de Transporte do Porto.
"Estávamos a avançar para a Empresa Metropolitana de Transportes. Para nós, não tem interesse, porque temos a STCP. Retirei a proposta. Não faz sentido aprovar", justificou o presidente da Câmara do Porto, avisando: "Não estou a dizer que não vamos colaborar com a Área Metropolitana do Porto. Vamos ter agora é que passar a zelar pelos nossos interesses".
No final da reunião do Executivo, em que participou Miguel Guedes, diretor do Coliseu do Porto, Rui Moreira recordou que as obras deveriam de ter sido incluídas no Plano de Recuperação e Resiliência. Mas "foram esquecidas". Daí que a única alternativa para evitar que o Coliseu venha a ser entregue a privados seja uma candidatura aos fundos do Portugal 2030. Acresce que o Porto garantiu estar disponível para duplicar a sua parte do financiamento (com 350 mil euros) e a suportar os 20% da comparticipação nacional.
O presidente da Câmara do Porto vincou ainda que o CMP pertence à Associação Amigos do Coliseu e que isso acarreta responsabilidades. Por isso, desafiou o CMP ou as sete autarquias que votaram contra a abandonar a associação. "Se a contribuição que têm dado é zero mais vale saírem", sustentou, avisando: "Ficam de fora, mas não vão continuar a mandar".
Já a Oposição na Câmara do Porto revelou estupefação pelo voto contra de sete municípios ao apoio às obras do Coliseu e manifestou concordância com a posição de Rui Moreira. "Foi com estupefação que vimos isto acontecer. Estamos solidários com a posição da Câmara do Porto em assumir a responsabilidade de participar com fundos comunitários", revelou a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo.
"É difícil escolher uma palavra para qualificar o que aconteceu. A falta de solidariedade da Área Metropolitana é incompreensível e põe em causa o princípio básico de solidariedade que o Porto tem tido", concordou o vereador do BE, Sérgio Aires.
Também o vereador socialista e líder do PS/Porto, Tiago Barbosa Ribeiro, mostrou-se "preocupado": "Todos devem assumir as suas responsabilidades. Espero que seja possível encontrar-se uma solução que garanta a reabilitação do Coliseu ao abrigo de fundos comunitários".
Já os vereadores do PSD não estiveram presentes para falar à Comunicação Social no final da reunião de Câmara.