Uma auditoria à Câmara de Castelo de Paiva revela uma dívida de 18 milhões de euros. O presidente da Autarquia, Gonçalo Rocha, fala em situação "dramática". O seu antecessor, Paulo Teixeira, diz que também ele herdou uma dívida de 15 milhões de euros.
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"O município está no limiar do colapso financeiro e muito próximo de uma situação de pré-bancarrota" anunciou, ontem, o presidente da Câmara de Castelo de Paiva, numa conferência de Imprensa onde deu a conhecer os resultados de uma auditoria às contas do Município. Gonçalo Rocha afirma que perante a dívida já contabilizada, "superior a 18 milhões de euros", a situação financeira é "muito mais grave, preocupante e comprometedora do que alguma vez poderíamos imaginar" e que a população tem motivos para estar "alarmada".
O autarca afirma que, nas actuas condições financeiras, "uma empresa privada já há muito teria visto decretada a falência ou insolvência". "São muitos milhões para um município como o de Castelo de Paiva", referiu.
Valores que poderão aumentar, já que estão a decorrer acções em tribunal que, em caso de condenação da Autarquia, elevaria a dívida para 23,2 milhões de euros. Há também outros débitos, recentemente conhecidos, que não foram incluídos na auditoria.
Com os limites legais de endividamento ultrapassados e sem possibilidade de recorrer a novos créditos, o edil referiu que será preparado um plano com vista ao saneamento financeiro. "Uma equipa vai estudar as medidas a implementar", explicou.
Perante a actual conjuntura, Gonçalo Rocha avisa que dificilmente irá cumprir com as promessas eleitorais. "A gravíssima situação financeira impõe restrições gravosas à realização do programa eleitoral", justificou.
Para o ex-presidente da Câmara, Paulo Teixeira, o valor da dívida anunciada "não é nada de novo". "Quisemos fazer o saneamento financeiro do Município, mas o PS rejeitou-o", justificou.
"Quando entrei para a Câmara [1998] herdei uma dívida do anterior presidente [Antero Gaspar] de 15 milhões de euros" lembrou, ainda, Paulo Teixeira referindo que 400 mil euros desse valor diziam respeito a "obras sem concurso público". "Existem dívidas e processos judiciais em curso que dizem respeito ao tempo do doutor Antero Gaspar". "Hoje ainda vou dormir melhor do que ontem" frisou o ex-presidente quando confrontado com os resultados da auditoria.
