<p>A Câmara da Maia está indignada com o comportamento da ANA. A construção de um centro logístico no aeroporto de Sá Carneiro, que movimentará dezenas de camiões, sem acessos condignos, foi a gota de água. O presidente pede a intervenção do Governo. </p>
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Bragança Fernandes não aceita que a entidade gestora dos aeroportos nacionais descarte responsabilidades e se recuse a assegurar as ligações viárias adequadas para servir a futura plataforma, destinada a grandes operadores de mercadorias, que está a executar na Maia. A criação desse equipamento agrada à Autarquia. Mas não tolera que, quando estiver em funcionamento, os camiões desaguem no meio de uma aldeia por uma artéria estreita, sem passeios e onde não se conseguem cruzar dois pesados.
O Centro Logístico de Carga Aérea tem como único acesso a exígua Rua de Vilar do Senhor, apesar da infra-estrutura distar poucas centenas de metros da A41 e da A28. O Município defende que seja criada uma ligação exclusiva para a plataforma. A forma mais directa, defende o autarca, seria ligá-la à A41, que passa a sul do centro, embora a Câmara também tenha proposto, em alternativa, a construção de um acesso dedicado ao nó de Lavra da A28.
Argumentos da empresa
Porém, a ANA entende, como noticiou o JN, que essa questão não lhe diz respeito. O investimento no sistema viário é uma competência das autarquias, da Estradas de Portugal e das concessionárias das auto-estradas. "A ANA está sempre aberta a propostas que se integrem na sua área de responsabilidade", o que não é caso, explicou, então, fonte da empresa. Argumentos repetidos numa reunião entre o vice-presidente da Autarquia maiata, Silva Tiago, e os responsáveis da ANA, que ocorreu há cerca de um mês.
O presidente Bragança Fernandes não se conforma e pede a intervenção do ministro das Obras Públicas, António Mendonça. O apelo ao anterior governante, Mário Lino, não teve consequência.
"É um contra-senso o que está a fazer-se na plataforma logística. Já solicitámos à ANA, à Estradas de Portugal e ao anterior ministro que seja feito o acesso. Andámos há um ano a reivindicá-lo", recorda o social-democrata, destacando que essa ligação exclusiva seria um investimento menor, numa obra com um custo total superior a 23 ,7 milhões de euros.
Caso se tratasse de uma operação empresarial de um promotor privado, o projecto teria de obter a aprovação municipal, o que nunca sucederia sem estar assegurada a rede viária. Como a empresa gere o bem público, não necessitou de licenciamento municipal. "A ANA é um estado dentro do próprio Estado. Só se preocupa com o que está do lado de dentro da vedação. Vou pedir uma reunião com carácter de urgência ao ministro para resolver, de uma vez por todas, os problemas com a ANA", critica o autarca.
Apesar da falta de acessos ao centro logístico ser a principal razão da discórdia, a Câmara maiata tem outras queixas. Bragança Fernandes acusa, desde logo, a empresa ter um comportamento em Lisboa e outro em Pedras Rubras. "A envolvente ao aeroporto está toda degradada. Colocam sempre a vedação nos limites dos seus terrenos e não permitem sequer que a Câmara construa passeios nas vias. Deviam tratar as áreas circundantes ao aeroporto, da mesma forma que tratam na Portela", adianta, garantindo que, a Norte, sempre rejeitaram ceder parte do seu terreno para que o Município faça passeios.