<p>A Quinta da Pícua já não terá um centro comercial. A Câmara da Maia decidiu reduzir a área prevista para o shopping para menos de um terço, depois de um estudo municipal reconhecer que a instalação da grande superfície poderá conduzir ao fecho de lojas de rua.</p>
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A Autarquia elaborou um plano de pormenor para a quinta em Águas Santas, tendo por base o projecto do grupo Chamartín - principal proprietário dos terrenos. Recentemente, os serviços municipais avaliaram o impacto da construção do previsto centro comercial com 9800 metros quadrados (junto à estação de serviço da A4) no comércio da envolvente e concluíram que poderá arruinar o negócio das lojas tradicionais. Mas não se prevê que cause mossa nos seis supermercados de média e grande dimensão existentes na freguesia.
O crescimento da oferta pode originar um "aumento de devolutos nas áreas consolidadas, conduzindo a uma desqualificação da imagem urbana por força da desocupação dos rés-do-chão comerciais, sobretudo no núcleo Nordeste do plano, onde a qualidade de oferta é superior e com a qual a nova superfície poderá concorrer directamente. Impacto que não será tão significativo na Rua de D. Afonso Henriques, uma vez que os estabelecimentos existentes tenderão a desaparecer caso não sejam objecto de profunda remodelação e modernização", indica-se no estudo, que recomenda uma diminuição drástica da área comercial no plano.
O corte de 75% transforma o shopping, que deveria ter um hipermercado e lojas variadas, num supermercado. Não poderá ter mais de 2500 metros quadrados de área bruta de construção, destinando-se apenas à "distribuição alimentar". O Departamento de Ambiente e de Planeamento Territorial da Câmara considera que, desta forma, reduz-se o impacto no comércio tradicional.
Muitas lojas vazias
A sugestão foi aceite pelo Executivo em reunião camarária. O presidente Bragança Fernandes entende que a instalação de um supermercado que servirá a comunidade local e os futuros moradores da quinta é mais adequada do que um novo shopping.
"Grande parte da propriedade pertence ao grupo Chamartín. Chegaram a apresentar um projecto à Câmara que incluía um centro comercial e novos arruamentos. Foi recusado, pois não existia um plano de pormenor", recorda o autarca. A recente decisão municipal de reduzir o pólo comercial obrigou a mexer na proposta do plano. "O volume de tráfego será menor e já não se justifica a construção de novas vias. O promotor terá de melhorar as ruas circundantes", especifica. O plano, que contempla a construção de habitação, de serviços e de um parque urbano nas quintas da Pícua e de Santo António (ler Pormenores), será submetido a discussão pública durante um mês. Bragança Fernandes estima que entrará em vigor até Julho.
O estudo municipal alerta, ainda, para a decadência do comércio na movimentada Rua de D. Afonso Henriques. Apesar de ter muitas lojas, "grande parte encontra-se bastante desqualificada e descaracterizada, constituindo uma oferta de baixa qualidade que se mantém à custa da proximidade" dos residentes de longa data na artéria. E há um "número considerável de estabelecimentos devolutos", lê-se na avaliação.
Já o comércio nas novas urbanizações da zona (a Nordeste da quinta da Pícua) é mais atractivo e serve uma população mais jovem, que não deixa de usar outras superfícies comerciais. Mas também tem lojas devolutas (embora em número menor do que a Rua de D. Afonso Henriques), o que indicia "sobre-oferta de espaço".