Câmara tem dívida de 30 milhões mas situação financeira está "controlada"
Câmara de Fornos de Algodres tem uma dívida de cerca de 30 milhões de euros mas, apesar da condição financeira difícil, o seu presidente, José Miranda, disse hoje, quarta-feira, que a situação está "controlada".
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"Neste momento é uma situação controlada, tendo em conta que o Município efectuou um contrato de reequilíbrio financeiro, com autorização do Estado e, neste momento, só temos um credor que é a Caixa Geral de Depósitos (CGD)", afirmou.
O autarca social democrata explicou que contraiu um empréstimo de 35 milhões de euros e pagou "a todos os fornecedores e empreiteiros", ficando apenas com a dívida a longo prazo para com aquela entidade bancária, que será paga "em 20 anos".
"Não existem quaisquer outras dívidas, nem guardadas em gavetas (...) nem dívidas de empresas municipais porque nós não temos nenhuma", esclareceu.
Tendo em conta a actual situação financeira da autarquia, José Miranda admitiu que faz uma gestão mais cautelosa "em relação a todos os projectos futuros".
"De futuro vamos rejeitar obras de fundos comunitários, a não ser uma que é a requalificação da escola do 1.º ciclo do ensino básico, que é uma obra que custa um milhão de euros", adiantou à Lusa.
Contou que a autarquia também tenciona concluir a construção da central de camionagem (faltando apenas cerca de cinco mil euros) e da Biblioteca Municipal (cerca de 300 mil euros).
"Todas as grandes infraestruturas no concelho estão feitas com apoios do 3.º Quadro Comunitário de Apoio e agora só vamos avançar para obras para as quais temos dinheiro", garantiu José Miranda, frisando que está em curso a construção de uma grande unidade hoteleira, com cerca de 140 quartos, numa parceria da autarquia com um empresário privado.
O autarca também disse que a autarquia, como não tem dinheiro para grandes investimentos, vai apostar no apoio social aos habitantes do concelho, ajudando os agregados familiares mais carenciados.
Observou que a Câmara é a maior unidade empregadora do concelho, com 120 funcionários, por isso defende que o Governo, quando avançou com limitações financeiras, não devia ter tratado todas as Câmaras de igual forma porque "é muito diferente o papel da Câmara de Fornos", no interior do país, de outra localizada no litoral.
"A Câmara tem um papel social importante a desempenhar na criação de emprego", observou, admitindo que "com estes cortes, o seu papel fica mais reduzido".
A falta de verbas da autarquia está a preocupar os habitantes da vila de Fornos de Algodres, que temem que a redução de investimento afaste os jovens da terra onde nasceram.
Isabel Matos contou que devido à escassez de postos de trabalho, os jovens "têm que ir embora daqui".
A comerciante Antónia Aguiar, também é da mesma opinião, dando conta que os filhos, após terem tirado os cursos, "tiveram que sair para fora do concelho" para terem trabalho.