ANTRAL diz que há milhares de empresários afetados e que estuda medidas legais de que possam socorrer-se.
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Centenas de pedidos de apoio de empresas de táxis que asseguram transportes de estudantes em várias regiões do país estão a chegar à Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), perante o cancelamento dos contratos pelos municípios, já que os alunos passaram a ter aulas à distância e não vão às escolas.
A ANTRAL indicou ao JN que os casos têm sido encaminhados para o seu gabinete jurídico "para ver se existe algum meio legal para resolver o problema, porque estamos numa situação de emergência", afirmou o vice-presidente, José Faria Monteiro, que fala de "milhares" de taxistas afetados. Para já, não está a ser feito o levantamento do número de empresários, porque se trata de contratos individuais entre empresas e câmaras. Além disso, os pedidos de ajuda ainda estão a chegar à associação, mas o responsável cita o exemplo de uma empresa no distrito do Porto que assegura este tipo de transporte e tem 52 funcionários em lay-off.
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Empréstimos para pagar
Miguel Ângelo Pereira, empresário do ramo em Vinhais, foi dos primeiros a pedir informação à ANTRAL, porque tem contrato para o transporte de alunos com o município de Bragança e uma escola em Vinhais. Transportava mais de uma dezena de alunos, designadamente, cinco de aldeias que frequentam o ensino especial. "Fazia por dia cerca de 350 euros. E ainda transportava doentes para fisioterapia. Agora, está tudo cancelado", contou o empresário, que contraiu empréstimos para comprar uma carrinha e fazer obras num armazém para estacionar as viaturas. Contratou dois funcionários e uma pessoa para acompanhar os alunos com necessidades especiais nas viagens entre as aldeias e a escola. "As câmaras não querem assumir os contratos porque os estudantes não fazem as viagens e apresentam como argumento que podem rescindir porque a situação se deve a uma pandemia", contou Miguel Ângelo Pereira. Os empresários terão de candidatar-se a novos concursos das câmaras para o próximo ano letivo. "Reivindico que os contratos transitem, porque assim poderíamos pagar as nossas despesas", afirmou o empresário de Vinhais.
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Jaime Fernandes, taxista, assegura este tipo de transporte em Bragança e também se viu confrontado com a cessação do contrato, perdendo cerca de 40 euros/dia. "Estamos a zero", conta.
A ANTRAL promete analisar os problemas, tomar medidas e, eventualmente, pedir ao Governo que adjudique o transporte de doentes não urgentes aos taxistas para compensar os prejuízos.
Certificação
No transporte escolar, as empresas carecem de viaturas certificadas para o efeito, de modo a serem admitidas nos concursos municipais.
Baixa densidade
Os táxis, considerados transportes flexíveis, são uma alternativa aos autocarros em linhas de baixa densidade. Normalmente, são contratados pelos municípios para assegurar o transporte de estudantes entre as aldeias ou lugares e as escolas.