Porto, Gondomar, Valongo, Matosinhos e Gaia reaproveitam mobiliário recebido para ajudar famílias carenciadas.
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A desocupação de uma casa implica quase sempre a remoção do recheio. As mais diversas peças de mobiliário, sofás, colchões e eletrodomésticos que não são vendáveis acabam por ser enviados como monstros não metálicos para valorização energética e para a indústria recicladora. Mas também está a ser dado outro aproveitamento. Municípios como o Porto, Gaia e Gondomar preparam-se para recuperar o mobiliário usado e entregar a instituições. Valongo já trata do transporte para a Plataforma Solidária e Matosinhos avança com o projeto Recircular Lab.
As autarquias contactadas pelo JN reconhecem que milhares de toneladas de mobiliário não são aproveitadas todos os anos e são enviadas para a reciclagem. A Lipor, o serviço intermunicipalizado de gestão de resíduos do Grande Porto, diz que não tem "um fluxo específico para os móveis" até porque "estão a ser enviados diretamente para a indústria recicladora pelos municípios".
É o caso da Câmara do Porto, que envia para "uma empresa de reciclagem de madeira". Porém, diz fonte da autarquia, "tendo em vista a promoção de uma economia mais circular, está a ser projetado um espaço dedicado à reutilização, reparação e transformação dos bens recebidos, em parceria com instituições da cidade".
Ações de voluntariado
Em Gaia, o cenário não difere. Os móveis vão para a reciclagem. Outros materiais são depositados em aterro. "O município está a desenvolver um projeto de valorização destes bens fora de uso, com a sua recuperação e posterior doação, em parceria com outras entidades", explica a autarquia.
A recolha destes bens é feita gratuitamente pelos serviços municipais, como é o caso de Valongo. Se o proprietário contactar a Divisão de Intervenção Social, "no sentido de doar os móveis a famílias carenciadas", a Divisão de Logística e Higiene Urbana assegura o transporte para a Plataforma Solidária. Contudo, "mesmo com estas soluções gratuitas, alguns munícipes insistem em largar os objetos junto dos equipamentos de deposição coletiva da via pública", diz a Câmara de Valongo.
O mesmo acontece em Gondomar, onde o município vai requalificar o Ecocentro da Cal para contemplar a receção de móveis e outros materiais com potencial de restauro, para posterior doação a entidades de solidariedade.
Neste processo de apoio a agregados em situação de carência económica, Matosinhos ganha avanço. A Câmara terá "um centro de prevenção e reutilização de resíduos". O projeto, denominado Recircular Lab, "tem como objetivo repensar caminhos que permitam transformar resíduos em recursos", evitando que os produtos se percam. O reaproveitamento será concretizado por intermédio de ações de voluntariado e o destino podem ser as IPSS.
PROJETO
Autarquia de Matosinhos faz parceria com Ikea
Para além dos móveis que serão provenientes das habitações, a Câmara de Matosinhos assinou uma parceria com a empresa sueca Ikea com vista à cedência do mobiliário que apresenta pequenos danos ou esteve em exposição na loja e que, por este motivo, não pode ser colocado à disposição dos consumidores. Face à abrangência deste projeto e ao tipo de apoio, avançou-se durante este ano com uma candidatura em conjunto com o Departamento de Intervenção Social, a fim de efetivar a construção do centro Recircular Lab.