Unidade do hospital de Alcobaça, única existente no distrito de Leiria, só tem dois terços das camas a funcionar.
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Das 12 camas da unidade de cuidados paliativos do Hospital de Alcobaça Bernardino Lopes de Oliveira, as únicas existentes no distrito de Leiria, quatro não estão a ser utilizadas devido à falta de profissionais que garantam o internamento. O problema arrasta-se desde a abertura da unidade, há cerca de dois anos, apesar dos vários pedidos feitos pela administração do Centro Hospitalar de Leiria (CHL) para o reforço da equipa.
A situação, denunciada pelos deputados do PSD eleitos pelo distrito numa pergunta entregue na Assembleia da República, é confirmada pelo Conselho de Administração do CHL. A instituição explica ao JN que, apesar de a unidade ter uma lotação para 12 camas, a opção foi a de abrir com oito, "de modo a poder prestar estes cuidados diferenciados, únicos na região".
A administração do CHL adianta ainda que, "a muito curto prazo", está prevista a abertura de mais duas camas, passando a 10, "sem prejuízo do Serviço de Cuidados Paliativos ter a seu cargo e assumir a resposta a todos os doentes que necessitam de resposta na área".
Na pergunta enviada ao ministro da Saúde, os deputados do PSD eleitos por Leiria lamentam que "somente dois terços" da capacidade na unidade, "um serviço tão fundamental" para os doentes, esteja a ser aproveitada. Na missiva os sociais-democratas pedem explicações sobre os motivos desta "subutilização" e querem saber se Ministério de Manuel Pizarro prevê aumentar os recursos humanos, de forma a alargar o número de camas em funcionamento.
Falha "global"
A presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, Catarina Pazes diz que a situação da unidade do CHL "espelha o que se vive no País", com uma "falha global no acesso" a este tipo de cuidados.
"Temos milhares de doentes a precisar de cuidados paliativos especializados. As equipas são poucas e estão subdimensionadas, devido à falta de profissionais", denuncia, frisando que essa lacuna "empurra" os pacientes para outros serviços, como as urgências, onde têm "a resposta possível e não aquela que necessitam".
O JN pediu esclarecimentos ao Ministério da Saúde, mas não obteve resposta.