A situação é irreversível. O Parque de Campismo Naturista de Andorinha, no concelho de Oliveira do Hospital, o primeiro criado em Portugal, não consegue fazer face às exigências legais e vai encerrar antes do final do ano
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Pertença do casal holandês Jikke Wilschut e Siets Bijker, a Quinta das Oliveiras, com cerca de 3,5 hectares, fica-se pelos sete anos de actividade. O dono é o primeiro em falar da "morte" de um projecto que colocou em marcha quando vivia uma situação de desemprego. Embora lamente ver cair o projecto que o forçou a deixar para trás a Holanda, Bijker não duvida de que a decisão de encerramento é a melhor solução, já que nos últimos tempos "as despesas têm sido muito maiores que as receitas" e se avizinha um processo de investimento que "não tinha fim à vista".
As exigências impostas por uma nova lei que considera "desajustada", relativamente, à realidade dos parques de campismo naturistas foram decisivas para o fim do projecto. Crítico em relação aos autores das leis que "apenas fazem trabalho de secretária e não visitam os espaços", Bijker não compreende, por exemplo, que num parque naturista tenham que existir casas- de-banho para cada um dos sexos.
O proprietário lembra que este tipo de espaços está aberto para acolher pessoas que querem andar sem roupa, pelo que "não precisam de casas de banho separadas". "Isto é o normal nos outros países", verificou Bijker.
Outros aspectos, como a necessidade de iluminação dos caminhos internos do parque de campismo, faziam disparar os custos do investimento, não quantificados, com que o casal holandês se começava a deparar.
A decisão de encerramento acabou por ser a escolha do casal, por acreditar que o dinheiro investido "nunca teria retorno". "Neste momento, a situação mais barata é fechar", lamentou Bijker, referindo já ter informado os turistas. Tem consciência de que o anúncio da "morte" do projecto é recebido com lamentos entre a comunidade local, no entanto, observa que ninguém faz nada para o poder ajudar a ultrapassar o mau momento.
Reduzido às imposições da autarquia, Turismo e Direcção Regional de Saúde, o naturista está em crer que ninguém tem capacidade de o ajudar a contornar a lei. O presidente da Câmara, Mário Alves, referiu, que o executivo que lidera "sempre apoiou e ajudou os proprietários a resolver os problemas de licenciamento", mas, adiantou que "não é possível atropelar a legislação".
A quebra do número de turistas também foi um factor determinante para o fim do parque, que, este ano, assistiu a uma perda de 50% em relação a 2008 (800 pessoas).
Procurado essencialmente por belgas e holandeses (90%), o parque começava a ser atractivo para naturistas nacionais. Ultrapassado o problema dos incêndios que, em 2005 e 2006, justificou o afastamento dos naturistas, Bijker responsabiliza, agora, a crise económica pela perda de campistas no parque de Andorinha, que na última semana teve apenas oito campistas.