Reaproveitamento de contrato de 2010 permitirá acelerar o projeto e reduzir custos adicionais.
Corpo do artigo
O concurso público lançado em junho para a elaboração do estudo e do projeto de execução do novo hospital de Barcelos, no valor base de 4,87 milhões de euros, foi cancelado. A decisão resulta da identificação de um contrato anterior, celebrado em 2010 e, entretanto, suspenso, mas com objeto compatível e parcialmente executado. Segundo a Unidade Local de Saúde de Barcelos/Esposende (ULSBE), o cocontratante manifestou disponibilidade para retomar a execução em conformidade com o novo programa funcional e a legislação atual, o que permitirá aproveitar trabalhos já realizados, evitar custos adicionais e acelerar a concretização do projeto.
O anúncio inicial, publicado a 3 de junho de 2025, previa a prestação de serviços de conceção, projeto e assistência técnica para a futura unidade hospitalar, a construir em Vila Boa e Vila Frescainha (São Martinho e São Pedro), num prazo de execução de 60 meses. Contudo, a revogação foi agora formalizada e publicada em diário da república a 22 de setembro.
Um projeto com 15 anos de adiamentos
A construção do novo hospital de Barcelos é uma reivindicação com mais de década e meia. Em 2009, o Governo de José Sócrates aprovou a sua concretização, com localização já definida em Vila Boa, e em 2010 foi lançado o primeiro concurso para a elaboração do projeto. O processo avançou, mas acabou por ficar suspenso durante o período da Troika, com cortes severos no investimento público e a consequente estagnação de projetos hospitalares em todo o país.
Desde então, a infraestrutura tornou-se bandeira política local e regional, com sucessivas promessas de reativação, tanto por governos do PS como do PSD. Em Barcelos, autarcas, movimentos cívicos e até a própria administração hospitalar têm, ao longo dos anos, denunciado as limitações do atual Hospital de Santa Maria Maior, cuja capacidade está esgotada e infraestruturas obsoletas.
Promessas renovadas
O tema voltou a ganhar força em 2022, quando o Governo incluiu o novo hospital na carteira de investimentos prioritários. Em junho de 2025, o lançamento do concurso para o estudo e projeto foi recebido como sinal de avanço concreto. No entanto, a decisão agora tomada de cancelar o procedimento e recuperar o contrato de 2010 revela uma nova estratégia: aproveitar os trabalhos já pagos e concluídos, atualizando-os às exigências técnicas e legais atuais.
Expectativa local
Para Barcelos, esta decisão é vista como uma oportunidade de reduzir prazos e acelerar uma obra há muito ansiada. A população e as forças políticas locais têm reiteradamente apontado a urgência de novas instalações, sobretudo num concelho com mais de 120 mil habitantes, que depende de um hospital construído há várias décadas e que já não responde às necessidades assistenciais.
A ULSBE garante que a reaproveitação do contrato anterior permitirá "evitar custos adicionais e acelerar a concretização do projeto, salvaguardando o interesse público". Contudo, continua por definir o calendário concreto para a entrega do projeto atualizado e o lançamento da futura empreitada de construção.