Luís Silvano estava na corrida à Junta de Freguesia de Aradas, em Aveiro, quando se tornou público que terá usado cartões de frota dos meios de socorro para abastecer a sua viatura particular.
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O Conselho de Jurisdição Nacional do Chega decidiu, na quarta-feira, expulsar de militante Luís Silvano, o cabeça de lista à Junta de Freguesia de Aradas, em Aveiro, que, em 2019, foi despedido do INEM por utilizar cartões de frota dos meios de socorro em benefício próprio. No dia anterior, após o caso se ter tornado público nas redes sociais, o candidato já havia adiantado ao JN que tinha abandonado a candidatura às eleições autárquicas e que iria sair de militante do partido, ao qual só tinha pagado as quotas, pela primeira vez, na segunda-feira.
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Na sequência dos acontecimentos, o Chega decidiu aplicar uma sanção disciplinar a Luís Silvano. E a decisão final, com data de 10 de setembro, foi publicada na sua página da internet: "expulsão, devendo decorrer o período de sete anos até que seja admissível nova inscrição no partido".
Como o JN noticiou, Luís Silvano - atualmente bombeiro profissional, em Aveiro - foi despedido, por justa causa, do INEM, em 2019, quando trabalhava em Lisboa como técnico de emergência pré-hospitalar. Sem querer entrar em pormenores sobre a sua demissão, Luís confirmou, no entanto, que a mesma esteve relacionada com o caso que envolveu mais de duas dezenas de operacionais, suspeitos de utilizarem os cartões de frota dos meios de socorro nas suas viaturas particulares. "Mas tenho o meu registo criminal limpo e não tenho problema nenhum com o INEM", assegurou.
Cabeça de lista sem saber
Relativamente à candidatura pelo Chega à Junta de Freguesia de Aradas, que encabeçava, o bombeiro referiu que a mesma não passara de "uma quase brincadeira entre amigos". "Eu não percebo nada de política. Inicialmente, era para pertencer às listas. Só soube depois que seria o cabeça de lista, mas nunca manifestei essa vontade. Nunca disse oficialmente que sim. Nem sabia quem fazia parte da minha lista", contou.
Além disso, Luís Silvano adiantou que, no sábado, informou o partido da sua desistência da candidatura e que, ainda esta semana, sairia de militante por sua vontade. "Só sou militante há dois dias, que foi quando paguei as quotas. Mas, amanhã ou além, vou deixar de ser", garantiu.
"Desvio de dinheiros públicos"
Aradas é uma das freguesias urbanas de Aveiro, tendo cerca de 10 mil habitantes. Contactado pelo JN, Diogo Machado, candidato pelo Chega à Câmara, não quis comentar o caso. No entanto, na quarta-feira, num debate com o Bloco de Esquerda na Ria - Rádio Universitária de Aveiro, disse que o caso estava "resolvido". Sublinhou, contudo, que "em lado nenhum vem escrito, nem sequer no despacho do despedimento, que o Luís Silvano roubou gasóleo. Só vem que foi por justa causa, mais nada".
No entanto, além de Silvano ter confirmado ao JN o seu envolvimento no caso dos operacionais suspeitos de utilizarem os cartões de frota dos meios de socorro, a deliberação do seu afastamento do INEM, publicada em Diário da República, é clara. No documento, a demissão é sustentada pela alínea l), do ponto 3, do artigo 297º da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas: "alcance ou desvio de dinheiros públicos".
No início do debate radiofónico, Diogo Machado contrariou, ainda, as declarações de Luís Silvano sobre não ter sido informado de que liderava a candidatura, dizendo que "o processo da lista de Aradas foi muito democrático e foi entre eles que decidiram o cabeça de lista".