
Canhões disparam ondas e tornam granizo em chuva
José Ricardo Ferreira
Equipamentos contra o mau tempo custaram dois milhões de euros. Fruticultores vão começar a pagar sistema em breve.
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Os 28 canhões antigranizo em funcionamento em Armamar, a capital da chamada maçã de montanha, já "defenderam" os pomares do concelho do granizo e da trovoada por quatro vezes. Esta nova arma entrou em funcionamento no final do ano passado e já tem resultados, garantem os fruticultores.
Os canhões foram disparados duas vezes em 2021 e outras duas este ano. A última vez em que foram acionados foi nas trovoadas registadas no mês passado, contou ao JN José Osório, presidente da Associação de Fruticultores e da Cooperativa Agrícola de Armamar, as duas organizações de produtores que estão a implementar este novo sistema.
"Isto funciona, está a ser muito bom. Os canhões já nos evitaram problemas", declarou, recordando que só em 2021 o mau tempo destruiu 60% da produção, originando prejuízos na ordem dos dez milhões de euros.
Os fruticultores de Armamar foram "copiar" a ideia aos colegas da vizinha Espanha, onde os canhões são fabricados e usados na agricultura há alguns anos.
A capital da maçã de montanha vai ter um total de 48 torres. O sistema estará operacional na plenitude até ao final do ano, cobrindo 70% dos pomares existentes no concelho. Cada canhão cobre 80 hectares e protege não só as macieiras, como também casas, quintais, terrenos agrícolas e florestais.
Este novo equipamento é monitorizado por um radar. Quando a trovoada se aproxima, os canhões começam a disparar ondas que dispersam a trovoada e transformam o granizo em chuva.
Queixas
O barulho, semelhante ao disparo de um foguete, é grande, mas "compensa" garante José Osório. "Até já recebemos algumas críticas de que a chuva não vem por causa dos canhões, mas isso é mentira porque também não chove nos outros concelhos vizinhos", refere.
Os canhões custaram dois milhões de euros. A Associação de Fruticultores de Armamar e a Cooperativa Agrícola local recorreram à banca para financiar o projeto. Os produtores de maçã envolvidos vão começar a pagar "essa fatura em breve". Por cada hectare terão que desembolsar 170 euros por ano. As organizações de produtores aguardam ainda apoios do Ministério da Agricultura.
