Viveram-se momentos de aflição no espaço ao cuidado da Associação Protetora de Animais da Marinha Grande. O problema chega à via pública.
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Os 33 cães acolhidos pela Associação Protetora de Animais da Marinha Grande (APAMG), nas instalações do antigo canil municipal, viveram momentos de aflição, na noite de sábado e na manhã de domingo, na sequência da chuva intensa. O espaço ficou inundado e os animais ficaram com água até meio das patas, pelo que os voluntários esvaziaram as duas fossas para a via pública, para impedir que o nível da água continuasse a subir, evitando assim o aumento do "pânico" dos cães.
Sócia-fundadora da APAMG, Graça Rodrigues diz que esta situação é recorrente sempre que chove muito, pois não existe rede de esgotos na zona. Contudo, considera que o problema das inundações se deve ao facto de a Câmara Municipal da Marinha Grande (CMMG) só mandar limpar uma das fossas existente no canil. "Não haveria este problema, se limpassem as duas fossas, dia sim, dia não", acredita, já que só têm capacidade para seis metros.
Graça Rodrigues conta que quando os três jovens voluntários iam limpar o canil, no domingo de manhã, encontraram o espaço inundado e os cães em "pânico, instáveis e ansiosos", pelo que a sua preocupação foi resolver o problema com rapidez. "O pai de uma das voluntárias tem uma bomba e despejaram tudo para o chão", relata. Já no verão, conta, tiveram de recorrer à mesma solução. "Sujámo-nos todos e ficámos a cheirar mal, mas não há alternativa."
Petição para pressionar
Cansados de aguardar por um espaço com dignidade e capacidade para acolher os mais de 100 cães e gatos abandonados que têm ao seu cuidado, prometido pela CMMG há vários anos, os voluntários da APAMG vão avançar com uma petição online para pressionar a autarquia. "Por lei, a Câmara Municipal é obrigada a dar-nos um espaço. Dizem que vão construir um canil, mas não passam da palavra", lamenta a sócia-fundadora da APAMG.
O antigo canil municipal alberga 33 cães, 23 dos quais dentro de cinco boxes e 10 presos por correntes. Os restantes animais são acolhidos pelos 30 a 40 voluntários, nas suas casas. "Só uma das voluntárias tem dezenas de gatos e cães em casa, o que lhe cria problemas com os vizinhos", revela Graça Rodrigues. Além de falta de espaço, revela que têm ainda dificuldade em encontrar voluntários para limpar o canil. "As pessoas cansam-se", justifica.
Apesar de receber um subsídio do município, a APAMG debate-se ainda com dificuldades para pagar à clínica veterinária, com a qual tem um protocolo. "Só no ano passado, a conta foi de 40 mil euros. Felizmente, temos muita gente que nos ajuda, mas a maior parte das vezes são os voluntários que dão dinheiro, apesar de também fazermos festas para angariar fundos", garante a sócia-fundadora da associação. Este ano, a dívida ascende a 6000 euros.
O JN tentou ouvir o delegado de Saúde da Marinha Grande, devido ao risco gerado pelo esvaziamento das fossas para a via pública, sempre que chove com intensidade e provoca inundações, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.
Centro de recolha ampliado
O vereador do Ambiente da CMMG, Carlos Caetano, adianta que as atuais instalações do Centro de Recolha, em funcionamento há dois anos, vão ser ampliadas, já que só têm capacidade para 50 cães e encontram-se lotadas. "Os pressupostos existentes na altura da construção, nomeadamente a possibilidade de eutanásia dos animais, hoje e ainda bem, já não são os mesmos". Quanto à limpeza das fossas, diz que uma delas se encontra inutilizada, informação que Graça desmente. "Se assim fosse, ainda seria mais grave, porque haveria mais inundações", diz a fundadora da APAMG.