O canoísta Fernando Pimenta e o seu treinador Hélio Lucas assistiram este sábado na tribuna de honra ao cortejo etnográfico das Feiras Novas, de Ponte de Lima, como convidados especiais, numa edição que tudo indica continuará a fazer a romaria bater recordes de afluência.
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Com uma vila a rebentar pelas costuras, após um dia de chuva que retraiu o público, o presidente da Câmara de Ponte de Lima, Vasco Ferraz, assinalou que o primeira dia (quarta-feira) foi o mais concorrido de sempre, considerando que esta edição “está-se a mostrar extraordinária”. Louvou ainda a capacidade daquela festa de se reinventar, mantendo as suas raízes, tradições e costumes.
“As Feiras Novas já começaram na semana passada e terá sido o dia de abertura aquele em que tivemos a maior afluência. Foi francamente o melhor dia de todos. Ontem, um bocadinho de chuva estragou aqui um bocadinho a festa, mas acho que aqueles que não vieram cá ontem, vêm hoje em dobro”, declarou Vasco Ferraz, antes do arranque do cortejo que levou ao centro da vila durante a tarde uma representação das 51 freguesias de Ponte de Lima, com cerca de 1500 figurantes em animação contínua. E que, este ano, celebrou a sua própria criação (1964).
“Sessenta anos é uma data redonda e é um número que nos satisfaz. Nós conseguirmos manter as tradições, nomeadamente aquilo que é o mais ancestral nesta festa, é uma coisa extraordinária. Para mim é um orgulho ter assistido ao crescimento das Feiras Novas nos últimos anos. É o momento alto do ano de Ponte de Lima. São estas festas que nos caracterizam e são as nossas grandes embaixadoras”, comentou.
Fernando Pimenta é o embaixador
O canoísta Fernando Pimenta mostrou-se satisfeito por mais uma vez “sentir o espírito das Feiras Novas”, que conhece e vive desde criança. “Recordo-me de quando era miúdo de procurar sempre um buraquinho para ter uma boa perspetiva e para conseguir ver sempre os cortejos. É sempre um momento bastante especial, sabendo que os cortejos representam a nossa cultura e as nossas freguesias”, contou, lembrando que nos últimos anos tem “participado do lado de fora, algumas vezes estando na tribuna”. E considerando que aquela romaria “é das mais antigas e bonitas de Portugal”.
Pimenta e o treinador Hélio Lucas estiveram acompanhados ainda pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins, que também recordou já ter vivido aquelas festas na infância na companhia dos pais. A governante estabeleceu, de resto, um paralelismo entre “a capacidade que as comunidades têm de se organizar” para umas festas como as Feiras Novas, com as questões que tutela. “Nós também na Saúde temos que trabalhar em proximidade. Isto leva tempo, mas tem de se conseguir tratar muitos dos problemas que hoje acabamos por tratar em hospitais, em urgências, muitas vezes nas piores condições. E é essa reorganização que temos de fazer com os autarcas que conhecem muito bem a realidade das pessoas”, declarou a ministra, admitindo que “apesar da maior parte das urgências estarem a trabalhar sem contingências”, há algumas “sobretudo em Lisboa e Vale do Tejo, com muitos problemas”.
A programação das festas de Ponte de Lima faz-se de arruadas com centenas de tocadores de concertinas e cantadores ao desafio, Zés Pereiras, bombos, gaitas, gigantes e cabeçudos, folclore e fogo de artifício, mas também de actos religiosos e procissão, demonstrações de gado, concursos pecuários e tourada. Mas o seu lado espontâneo, das rodas de dança e de cantares ao som de concertinas, e dos bares da vila a funcionarem pela noite dentro, também atrai multidões.
“Não há nada que chegue a isto. Vivemos as Feiras Novas, somos minhotos e isto está connosco”, comentava Fernando Ramos, que se deslocou de Viana do Castelo para viver a romaria de Ponte de Lima. “Aqui são várias festas dentro de uma só”, disse.
Este ano a romaria aconteceu pela primeira vez estando inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, cujo processo foi desenvolvido pela Câmara junto da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC). O evento prolonga-se até segunda-feira.