A secular Feira das Cantarinhas, que se realiza de 3 a 5 de maio, tem resistido ao tempo e às modas, continuando “a ser a mais emblemática da cidade”, afirmou o presidente da Câmara, Paulo Xavier, sublinhando que as ditas miniaturas “mantém-se como símbolo do amor, que antigamente se ofereciam às namoradas”.
Corpo do artigo
Nas últimas décadas ganhou-se o hábito de trocar cantarinhas com amigos, familiares ou pessoas que se estimam. “Antigamente escolhíamos a cantarinha mais bonita para oferecer à rapariga de quem gostávamos”, lembrou o autarca de 65 anos.
Atualmente só duas artesãs produzem as cantarinhas, uma de Pinela que faz as tradicionais, e outra de Bragança, que recria as originais, dando-lhe mais cor, mas a maioria são fabricadas em unidades industriais fora da região. “Fazia falta algumas escolas-oficina para que se pudesse aprender. Já existiram organizadas pela junta de freguesia e deram resultado porque se aprendeu a trabalhar o barro”, acrescentou Paulo Xavier vincando que a feira “é icónica” no concelho e no distrito, bem como “é uma marca de Bragança, por se realizar o centro cívico, que apesar de acarretar alguns constrangimentos de trânsito é um ganho maior, que além de dar vida à cidade, é uma tradição e uma oportunidade de negócio para todos, desde a restauração, à hotelaria e ao comércio tradicional”.
Paulo Xavier acredita que se vendem muitas cantarinhas “porque os visitantes compram algo simbólico da nossa feira e da terra”.
A Feira das Cantarinhas sempre foi na rua, mas era só um dia e agora são três. “Quando eu era criança a feira era um dia de festa e não havia aulas. As crianças e os jovens andavam de manhã à noite com um assobio pelas ruas. Claro que o certame cresceu, ocupava vários espaços e foi inovando”, contou o autarca.
“É uma feira anual que marca a região. Este ano tem 472 expositores, que vem diversos produtos, como o renovo (hortícolas) para plantar as hortas, tendeiros de roupa e outros artigos, mas a tradição são as cantarinhas de barro, que eram feitas em Pinela [aldeia do concelho de Bragança] mas hoje são nacionais. Hoje a feira é uma marca indelével da nossa cidade, do concelho e do distrito”, afirmou Paulo Xavier.
O certame transforma o centro histórico de Bragança num mercado ao ar livre, uma vez que os vendedores instalam as duas tendas na Praça da Sé e ruas adjacentes.
Além da venda de artigos diversos a feira conta ainda com a Feira de Artesanato, entre 1 e 5 de maio, um parque de diversões com carroceis no Parque do Eixo Atlântico, provas desportivas como a meia-maratona das Cantarinhas, o passeio de carros clássicos Cantarinhas sobre Rodas e as chegas de touros, bem como animação musical.
A organização é da Câmara de Bragança e da Associação Comercial Industrial e de Serviços de Bragança, que investem 26 mil euros na organização do evento.