Capela do Espírito Santo tem vindo a degradar-se com a humidade, mas a reitoria promete obras de recuperação para lhe dar mais dignidade.
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Aparenta estar um pouco abandonado aquele "bloco" de pedra no meio de uma imensa quinta. Sagrado ele, académica ela. Indissociáveis agora, encontrados por acaso no passado. O "bloco" granítico é a Capela do Espírito Santo. Está na Quinta de Prados, nas bordas da cidade de Vila Real, para onde se mudou a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), nascida oficialmente há 35 anos. Pode não parecer, mas entre aquelas quatro paredes despidas há missa todas as semanas. E, em breve, vai ter obras de beneficiação.
"Vamos promover a sua recuperação, pois a capela começa a ter alguns sinais de degradação", diz, ao JN, o reitor da UTAD, Emídio Gomes. Por se tratar de "um património histórico que embeleza o campus" merece ter "mais dignidade". Conta fazer a intervenção "através do Programa Portugal 2030 e com o apoio da Direção Regional da Cultura do Norte". Mas não aponta uma data.
O capelão, João Curralejo, fica a torcer para que esta promessa de Emídio Gomes se cumpra mesmo, pois tem perfeita noção das necessidades de uma capela "um bocadinho despida e muito simples". Um crucifixo, que é "a única peça original", um par de quadros e um presépio em pedra, a par de alguns bancos de madeira, constituem o único recheio.
Missa à terça-feira
Nas paredes há sinais de muita humidade que se introduz pelo telhado, que precisa de "levar uma volta". A cobertura permite a acumulação de folhas secas que impedem a correta drenagem da chuva. As paredes também "precisam de isolamento".
Apesar de estar "quase sempre fechada", abre à terça-feira, à hora de almoço, para uma missa semanal. É verdade que a capela é pequena, mas sobra sempre espaço, pois o "grupinho de uma dúzia de pessoas" que ali vai não a esgota. São trabalhadores da universidade: docentes e funcionários. De vez em quando lá aparece algum estudante. "Acontece quando pedem intenções de missa por familiares". Por vezes, também há confissões.
Rezar pela Academia
João Curralejo assume que é bom ter alguém à espera quando lá vai à terça-feira, embora "não estejamos em tempos de cristandade nem de multidões". Em cada início de ano letivo costuma dizer que os poucos que vão estão ali para "pôr no altar de Deus toda a academia". É o mesmo que dizer que quem vai, vai em nome de outros também. No campus da UTAD estudam e trabalham à volta de 8000 pessoas.
E se, normalmente, a capela é enorme para a quantidade de gente que ali reza, houve ocasiões em que foi diminuta. Foi o caso do funeral do primeiro reitor Fernando Real, que liderou a UTAD desde o seu nascimento em 1986 até 1988. Esporadicamente há outras cerimónias ligadas a "um professor, um funcionário ou uma comemoração de antigos alunos". Mas, por norma, o calor humano não a aquece. E arrefecida já ela está sempre.
Para além da Eucaristia semanal, João Curralejo, de 48 anos, diz ter como missão na universidade a promoção do "diálogo entre a fé e a ciência". Para além de o fazer em conferências, há sempre espaço para falar das duas áreas, nem que seja durante o tempo que tarda beber um café.
Interesse municipal de Vila Real evitou trasladação para Guimarães
A Capela do Espírito Santo foi construída no que hoje é o Largo do Conde de Amarante, nas proximidades da Câmara de Vila Real, durante o século XIV. Chamava-se Capela do Hospital de São Brás. A partir de 1644, mudou de nome, para Capela do Bom Jesus. Em 1865, devido à construção de uma estrada, foi retirada para o Pioledo, onde serviu para arrecadar pólvora. Em finais do século XIX, outra estrada, nova transladação. Para evitar que saísse da Quinta de Prados para uma propriedade privada em Guimarães, a Câmara classificou-a como imóvel de interesse municipal, em 1986.
Outras capelas
Universidade de Coimbra
A Capela de São Miguel foi construída entre os séculos XVI e XVIII. Foi classificada Monumento Nacional em 1910 e como Património Mundial da UNESCO em 2013. A Capelania celebra missa ao domingo às 12 horas.
Universidade do Algarve
A Capelania foi criada em 2005 e contemplou uma capela no campus. É espaço de encontro, partilha, acompanhamento espiritual e celebração de acontecimentos e datas significativas para a comunidade académica.
