Desde julho de 2015 que o Centro Hospitalar do Médio Ave (Famalicão e Santo Tirso) está a adiar, sem data, consultas de cardiologia. O hospital perdeu dois cardiologistas e ainda não contratou nenhum médico para os substituir.
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Centenas de doentes receberam ou estão a receber cartas enviadas pelo Centro Hospitalar do Médio Ave a informar que, "por motivos imprevistos, a consulta foi desmarcada" e que "oportunamente ser-lhe-á comunicada a nova data da consulta".
"A solução que encontrei foi recorrer a um consultório privado e pagar oitenta euros, de seis em seis meses, por uma consulta que deveria ter no hospital", disse uma doente cardíaca, operada duas vezes, desde julho sem médico no Hospital de Famalicão.
António Barros, da Administração do Centro Hospitalar, confirma a saída de dois médicos, mas garante que outros dois clínicos continuam no serviço de Cardiologia, "com as limitações que decorrem de o quadro clínico não estar completo".
Há doentes que estão a ser referenciados para o Hospital de S. João, no Porto, mas como "medida temporária". As queixas dos doentes com patologias cardíacas são tantas que no Centro Hospitalar do Médio Ave já aconselham os pacientes a escrever no livro de reclamações.
Sem data prevista para a contratação de mais médicos, António Barros refere que, atualmente, o centro hospitalar "está a trabalhar no sentido de reforçar o quadro naquela especialidade relativamente ao que anteriormente existia".
Até lá, os doentes cardíacos ou esperam ou optam por outras soluções. "A maioria das pessoas que eu conheço das consultas externas está a ser acompanhada por médicos em clínicas privadas, mas só vai quem tem dinheiro. Quem não tem dinheiro está sem tratamento médico", finaliza uma doente de Famalicão.