O Museu da Memória Rural de Carrazeda de Ansiães tem, desde este domingo, um novo núcleo. Está na freguesia do Seixo, é dedicado ao ferreiro e ao ferrador, é de entrada gratuita e alarga a rede museológica dedicada aos ofícios tradicionais da região.
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Há mais de uma década que a Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães tem em curso um projeto dedicado à cultura rural de Trás-os-Montes e Alto Douro, e que tem como objetivo preservar e mostrar tradições e saberes que estão a cair em desuso. É o caso do ferrador, canastreiro, pescador do rio Douro, padeira, queijeira, pastor, tanoeiro, sapateiro, funileiro, moleiro ou corticeiro.
A casa central do projeto é o Museu da Memória Rural, localizado na freguesia de Vilarinho da Castanheira. Na mesma freguesia há os moinhos de rodízio da Ribeira do Couto, o moinho de vento na vila de Carrazeda de Ansiães, e mais dois núcleos museológicos: o da telha, em Luzelos, e o do azeite, na Lavandeira.
A criação do Núcleo Museológico do Ferreiro e do Ferrador foi possível graças à “boa vontade” de Luís Carlos Mesquita, que desenvolveu estas atividades em Seixo de Ansiães entre 1947 e 2007. O presidente da Câmara de Carrazeda, João Gonçalves, lembrou que, “ainda em vida, passou a informação à família de que concordava que o seu espólio fosse doado ao Município para a criação de um museu que perpetuasse a memória dos ofícios”.
O filho do ferrador, José Mesquita, refere que a família “limitou-se a cumprir a vontade” de Luís Mesquita e mostra-se “muito satisfeito com a homenagem que foi feita”, contando que o museu sirva para “os mais novos saberem como eram estes ofícios”.
Artefactos originais
A exposição combina artefactos originais, com destaque para um fole de grandes dimensões que foi restaurado, ferramentas tradicionais e recursos multimédia, com o objetivo de recriar uma oficina tradicional de ferreiro. O artista plástico Paulo Moura executou uma escultura que representa Luís Mesquita a ferrar um cavalo e o fotojornalista Leonel de Castro é o autor das fotografias sobre atividade.
Concluído o núcleo do ferreiro e do ferrador, está perspetivado um novo para a aldeia de Mogo de Ansiães. A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte e a Câmara de Carrazeda já celebraram um protocolo que vai promover, através dele, a valorização da tradição artesanal e oficinal da tanoaria do Douro. “Já temos protocolado o edifício para esse fim e agora estamos à espera de poder avançar”, disse o autarca carrazedense, João Gonçalves.
A partir de agora também é possível conhecer os museus e o restante património de Carrazeda de Ansiães através da aplicação para dispositivos digitais “Visit Carrazeda”.