Tem 102 anos, chama-se Darracq 12 HP Open Tourer e saiu diretamente do Museu do Caramulo para completar 440 quilómetros entre Coimbra, Castelo Branco e Guarda. Foi, assim, o carro mais antigo a participar no Circuito das Beiras, uma prova organizada pelo Clube Escape Livre, que terminou este domingo.
Corpo do artigo
O Circuito das Beiras faz parte da história do automobilismo nacional, marcando a estreia das provas por etapas em Portugal e, passados 120 anos da sua única edição, o Clube Escape Livre com o apoio das câmaras municipais de Coimbra, Castelo Branco e Guarda e o patrocínio da Bridgestone, First Stop e Litocar, fez renascer a prova, agora sem fins desportivos.
Foram 31 os automóveis clássicos a participar no passeio, que ligou três capitais de distrito, e a enfrentar a intempérie que se abateu sobre o evento nas etapas que ligaram Castelo Branco à Guarda e a cidade mais alta a Coimbra.
Abandonada a vertente competitiva em estrada, o Circuito das Beiras propôs aos participantes um "quizz" diário de conhecimentos e observação e, ainda, o desafio de vestirem a rigor roupa da época do seu veículo.
O conjunto de automóveis reunidos incluía preciosidades como o Darracq ou o Berliet de 1926, este último saído Museu de la Historia de la Automacion de Salamanca (Espanha).
Por outro lado, Pedro Villas Boas, nome grande do desporto automóvel nacional esteve presente com um MGA TC, encabeçando uma longa lista de modelos da marca britânica.
Representadas, também, a Ford, a Studebaker, a Hotchkiss, a Wolseley e as mais contemporâneas Mercedes, Citroen, Fiat, Renault e Datsun, juntando-se um exemplar imaculado de um Triumph Dolomite Sprint e o Sunbeam Alpine vindo, também ele, do Museu de Salamanca.
A Praça da República, em Coimbra, foi o palco para o arranque deste Circuito das Beiras by Bridgestone / First Stop e a tirada até à Guarda, acompanhada por muita chuva, passou pela Aldeia Histórica de Castelo Novo e pelo Fundão, antes de chegarem ao centro histórico da Guarda.
Aqui, juntou-se uma caravana de 30 automóveis clássicos de várias idades que percorreram algumas artérias da cidade convergindo para o quarteirão da câmara municipal. O regresso a Coimbra continuou pelas estradas pisadas por Tavares de Melo (organizador da primeira edição) e o grande final decorreu na Praça da Canção, em Coimbra.
Vencedores
Contas feitas a três dias de intensa atividade, a vitória foi partilhada por Tiago Patrício Gouveia/Tiago Branco, no Darracq e por Manuel Simões/Graça Simões no Citroën 11 BL (que ficou conhecido em Portugal por "Arrastadeira"). Obtiveram a maior pontuação entre as equipas participantes, destacando-se a dupla da "Arrastadeira" pelo facto de ter envergado, durante os três dias, roupa da época do carro nascido em 1947.
O terceiro classificado foi João Teixeira num MGB, seguido de António Dionísio (MG TF) em igualdade com José Manuel Pinto. O Top 5 foi fechado com o Austin Healey 3000, de António Mota.
Nas diversas classes, o Darracq de Tiago Patrício Gouveia foi o melhor na Classe A (até 1904), Luís Lavin (Ford A) ganhou na Classe C (1919 a 1930) e António Fernandes Ribeiro (Wolesley 10/40) foi o melhor na Classe D (1931 a 1945).
O Citroen 11 BL de Manuel Simões venceu na classe E (1946 a 1960), enquanto Luís da Cunha Matos (MGB) levou de vencida a Classe F (1961 a 1970). A Classe G foi a mais concorrida e a vitória foi para o MGB de João Teixeira.
Todos os participantes receberam o Troféu SPAL alusivo ao evento e ainda foram presenteados com o livro "O Circuito das Beiras e o Espírito Visionário de José Caetano Tavares de Melo", de José Barros Rodrigues.
Finalmente, o Troféu da Junta de Freguesia do Casteleiro - onde nasceu Tavares de Melo - para eleger o carro mais bonito do evento, foi entregue, por votação de todos os participantes, ao Darracq 12 HP Open Tourer de Tiago Patrício Gouveia.