Paulo Carvalho, presidente da União de Freguesias de Matosinhos/Leça da Palmeira, pôs em causa a veracidade de um documento com a assinatura de Álvaro Siza, apresentado por um eleito do Chega na assembleia de freguesia que decorreu nesta quinta-feira. A estrutura concelhia do partido demarca-se da situação. Já o arquiteto confirmou ao JN que escreveu uma carta ao anterior líder concelhio, em 2021.
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Ao JN, o socialista Paulo Carvalho negou-se a fazer comentários acerca do sucedido na assembleia de freguesia, justificando estar "a tentar entrar em contacto com o arquiteto para averiguar o que foi apresentado". No entanto, adiantou tratar-se de uma carta escrita em formato Word, sem identificação do gabinete de arquitetura e assinada com o nome Álvaro Siza.
Em causa está um esclarecimento do arquiteto feito a pedido da Comissão Política Concelhia do Chega a propósito da marginal de Leça, que foi revelado na sessão pelo eleito do partido António Serrano e entregue a Paulo Carvalho. O autarca acusou o partido de ter apresentado um documento que não corresponde à verdade, dizendo ainda que a própria assinatura não será a do arquiteto.
No entanto, em declarações ao JN, Álvaro Siza confirmou a existência de uma carta enviada a Israel Pontes, anterior presidente da Concelhia do Chega de Matosinhos, esclarecendo-o sobre o revestimento da marginal de Leça: "Esclareço que é um revestimento sobre o pavimento inicial em asfalto a frio".
O arquiteto de Matosinhos acrescentou ao JN que essa carta foi enviada em 2021. "Foi escrita em papel branco e assinado por mim e enviado pelo email do meu gabinete".
O presidente do Chega de Matosinhos, Álvaro Costa, disse ao JN que tomou conhecimento da polémica apenas na manhã desta sexta-feira e através do próprio Paulo Carvalho. "Nem a Concelhia nem a Distrital se reveem nas atitudes da pessoa em causa", disse-nos o dirigente, acrescentando que a comissão local "retirou a confiança política" a António Serrano em novembro, apesar de essa posição ainda não ter sido oficializada.
Álvaro Costa, que também é líder da bancada do Chega na Assembleia Municipal, referiu ainda que António Serrano "não consultou ninguém da Concelhia sobre esse documento". No entanto, referiu-nos tratar-se de matéria relativa a um email recebido por Israel Pontes, que foi exonerado da liderança da Concelhia em 2021.
"O partido não tem conhecimento de nada disso nem se revê nesse tipo de política", referiu-nos ainda o dirigente, concluindo que a direção nacional do partido deverá tomar uma posição pública ainda hoje.