Um casal com um filho de 11 anos vive numa casa com o telhado remendado em risco de desabamento. Contam com a ajuda da associação Porto Solidário 2020. É atrás do nome Maria, de lágrimas e de algum silêncio que a voz desta reportagem conta a sua história.
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Maria vive no Porto, juntamente com o marido, ambos na casa dos 40, e o filho de 11 anos. A casa onde vivem tem condições deploráveis e insalubres. Nos invernos rigorosos chove lá dentro "como uma torneira aberta e é preciso pôr bacias por toda a casa". O frio é visita constante da habitação e a família tem muitos problemas de saúde. Maria sofre de depressão prolongada e não tem dinheiro para comprar a medicação para completar o processo de cura. Tem ainda problemas na coluna e nos ossos. O marido teve um acidente grave há uns anos enquanto condutor da Uber e ficou com problemas nas ancas e braços.
Maria partilha com o JN que já teve um café e uma frutaria. "Trabalhava honestamente e o meu primeiro marido, alcoólico, deu cabo de tudo."Sofreu violência doméstica. Foi nessa altura que perdeu "dignidade", sentiu-se "suja". Chegou a trabalhar numa "lavandaria e como empregada" de limpeza. O atual marido e pai do filho trabalha como serralheiro "quando há trabalho" e vai "fazendo uns biscates". Foi quando ficou desempregada, há meia dúzia de anos, que não conseguiu fazer frente à renda da antiga casa e a família teve de fazer as malas e morar na casa do falecido sogro que, na ocasião, já estava inabitável. "Fizemos o que podíamos, mas não é o suficiente e ganhamos muito pouco", justifica. O telhado da casa está esburacado, a rede elétrica é um melindre com a chuva, as paredes têm o tijolo à vista, falta mobiliário para guardar roupa e bens. Por isto, pagam 250 euros de renda. O senhorio não quer saber de obras nem sequer conversar com a família (o JN não conseguiu falar com ele). Hoje em dia, a família conta com o auxílio da associação Porto Solidário 2020.
empresas e voluntários
A instituição nasceu na pandemia e ajuda cerca de 60 famílias no Grande Porto. A de Maria é uma delas. "Esta família tem muitas dificuldades na compra de medicação, tem a casa degradada e falta de alimentos", certifica ao JN Teresa Ponte, presidente da associação, declarando que o Porto Solidário 2020 já ajudou "com a compra de uma cama de casal, pois dormiam no chão, uma cama para o filho e um armário porque têm tudo guardado em sacos".
"Aos bocadinhos, estamos a criar um movimento para ajudá-los, porque além da casa ser fria e húmida, estão a ter problemas de saúde", assevera. A esperança de Teresa reside em algum contacto de "empresas e pessoas que possam ajudar a fazer a obra", assegurando que já há voluntários dispostos a arregaçar as mangas. Teresa Ponte exorta as pessoas a ajudarem.