Morador queixa-se de humidade. Autarquia sugeriu vistoria que custaria 154 euros, mas diz que informação "prestada aos serviços municipais" não terá sido adequada.
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Com a demolição do armazém contíguo à casa onde mora e que, inadvertidamente, removeu parte do revestimento da parede exterior da habitação, Fernando Gomes, de 69 anos, queixa-se dos danos provocados no seu quarto ao longo dos últimos quatro meses. A operação é da responsabilidade da Câmara do Porto que, perante a denúncia de Fernando, sugeriu uma vistoria de segurança e salubridade ao número 461 da Rua do Outeiro, em Paranhos, no Porto. O serviço custaria 154,62 euros.
A Autarquia defende-se, dizendo que a "informação prestada aos serviços municipais poderá não ter conduzido à situação identificada", mas "está disponível para avaliar a situação em conjunto com munícipes e intervir, caso se justifique, sem que essa intervenção lhes acarrete custos".
"Não tenho que pagar nada porque não fui eu que fiz isto", revolta-se Fernando, alertando, também, para o entulho resultante do desmantelamento do armazém e de outras três casas, cujo material permanece no terreno.
De acordo com a Câmara do Porto, "todos os materiais passíveis de reciclagem, nomeadamente madeira, metais e vidros, foram transportados para vazadouro". Quanto aos resíduos de construção e demolição, "designadamente pedras de granito de grandes dimensões", por não provocarem insalubridade, "foram mantidos no terreno, mas serão retirados para posterior reaproveitamento em futura construção".
"O pior são os malefícios que provoca"
"Ainda não começou a chover e já está a aparecer humidade no quarto. Quando chover, vai entrar água. E o pior são os malefícios que isto provoca. É que eu tenho asma e o meu filho [de 29 anos], também", reclama Virgínia Gomes, de 65 anos, mulher de Fernando. Fernando atira: "E a casa foi pintada no ano passado".
"Além disso, todos os dias ando a matar bichinhos que aparecem em casa por causa da vegetação", acrescenta Virgínia Gomes. Em torno de tijolos e blocos de cimento que ficaram pelo terreno, cresceram silvas e ervas daninhas.
Terreno cedido
A Câmara do Porto explica que "em dezembro de 2021, foi efetuada a cedência em direito de superfície à Associação Cultural e de Apoio Social do Sporting Clube da Cruz do espaço contíguo à casa do casal". Antes disso, a Autarquia "fez no local uma intervenção de limpeza, e avançou para a demolição das edificações existentes" naquele terreno, "motivada pela tentativa de ocupação ilegal de pessoas, situação essa que colocaria em risco de incêndio e a segurança de pessoas e bens, nomeadamente os vizinhos".