Governo assinou acordo com autarquia para a recuperação das ilhas da Lomba que vai custar 7,7 milhões
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São quatro os jovens arquitetos que se embrenharam nos últimos meses pelas ilhas da Lomba e delinearam um projeto de recuperação de 47 casas, dando melhores condições habitacionais e maior conforto e bem-estar aos seus habitantes. O ministro da Habitação esteve no Porto, na manhã desta sexta-feira, para formalizar o investimento de 7,7 milhões de euros necessários para a reabilitação, verba saída do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Uma gota de água no oceano, pois existem na cidade oito mil casas deste género, onde residem dez mil pessoas, ou seja 4,4 % dos portuenses.
Maria Souto de Moura, Francisco Pina Cabral, Francisco Amoedo Pinto e Luís Vitorino Caleiro serão os arquitetos responsáveis pelo "importante passo, na estratégia do Município do Porto para acabar com a indignidade habitacional na cidade", como afirmou ontem o autarca portuense, Rui Moreira.
Antes de formalizar o acordo para a reabilitação que decorreu no Reservatório de Nova Sintra, Rui Moreira levou o ministro Pedro Nuno Santos a visitar a ilha da Bela Vista, cuja reabilitação foi assumida integralmente pela autarquia. O governante percebeu e admitiu que intervenções como esta, da responsabilidade da autarquia portuense devem ficar melhor do que realizadas pela administração centro por conhecer de perto as situações".
O que os quatro jovens arquitetos desenharam para a Lomba não é mais do que transformar as típicas e pequenas casas em tipologias maiores, sem descaracterizar ou alterar a típica imagem dos locais, contemplando também as áreas comuns. "As ilhas são lugares de memória da cidade, funcionam como espaços de interação comunitária e representam um modelo habitacional característico do Porto. Mas a tipicidade não nos pode deixar indiferentes à degradação, desconforto, insalubridade e insegurança que as ilhas representam para quem lá vive", afirmou Rui Moreira, acrescentando que "não são admissíveis numa cidade inclusiva como o Porto as bolhas de miséria que as ilhas consubstanciam".
Já Pedro Nuno Santos relembrou que "o primeiro decreto-lei que previa um instrumento para financiar as ilhas era de 1956. Entretanto passaram quase sete décadas e nada se fez", sendo "importante marcar os momentos de viragem".
O conjunto de seis ilhas da Lomba, na freguesia do Bonfim, vai dar origem a 47 novas casas. Enquanto decorrerem as obras, as famílias vão ser realojadas no parque habitacional da autarquia, para ali voltarem em 2026 quando a intervenção acabar. Apesar de ganharem casas renovadas, as rendas não serão alteradas.
954: O número de ilhas existentes no Porto
Todos estes aglomerados habitacionais são privados mas, de acordo com Rui Moreira, oito delas poderão vir a ser reabilitadas no âmbito do PRR, "estando a ser trabalhadas as respetivas candidaturas".