O arquiteto Tomás Taveira justifica as críticas às duas moradias de Aveiro com a falta de conhecimento e prevê que sejam uma atração.
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As duas moradias "pós-modernas" que o arquiteto Tomás Taveira está a desenhar para o cimo de uma colina situada no principal acesso a Aveiro, ao lado da A25, com vista para a ria, e que estão a gerar críticas nas redes sociais, deverão custar cerca de um milhão e meio de euros cada, apurou o JN junto de fontes imobiliárias. São duas casas coloridas e com formas pouco vistas, na zona das Agras, com grandes áreas, entre 700 e quase 900 m2 de área de construção, com elevador, possibilidade de piscina e outros luxos que Tomás Taveira diz estar a desenhar ao centímetro. "As casas de banho são palácios, não pelo tamanho, mas pelo requinte", disse ontem, a título de exemplo, o arquiteto ao JN.
Pedro Patrício, da "Moreira e Patrício", promotora imobiliária do projeto, explicou que a escolha de Tomás Taveira para o empreendimento "Alto das Agras" correspondeu à pretensão de obter um "projeto irreverente para um local raro". "Sabia que podia provocar críticas, mas não esta polémica nas redes sociais", afirmou.
O plano foi desenvolvido com um interessado numa das casas, que Pedro Patrício acredita poderem estar construídas num espaço de dois a quatro anos. O promotor não quer revelar os valores, mas o JN apurou que rondarão o milhão e meio de euros. A poucos metros das duas moradias, num outro complexo, casas com metade das áreas, e sem vista para a ria, estão a ser negociadas por 500 a 750 mil euros.
Os 82 anos de Tomás Taveira permitem-lhe, diz, aceitar as críticas "sem qualquer desconforto". Afirma que se devem "à falta de conhecimento". "É uma estética que não conhecem, a maioria está habituada ao branco e preto e casas aos cubos. E quando são confrontados com formas e cores diferentes, uma estética pós-moderna, que está novamente em força no Mundo, estranham e criticam".
O exemplo das Amoreiras
O arquiteto não tem dúvidas que as casas vão valorizar Aveiro e vão ser uma atração "como foi o Centro Comercial Amoreiras, em Lisboa, que quando foi construído, em meados dos anos 80, motivou muitas críticas e depois foi um chamariz, com excursões de todo o país para o irem ver".
Tomás Taveira defende que as duas moradias, "pintadas com as cores da natureza", vão valorizar um local "fenomenal" e ajudar a tornar a cidade "diferente". Diz que se inspirou em vários dos "10 mil" desenhos do seu arquivo que diariamente alimenta com trabalho "das 4 da manhã", hora a que o gato o acorda, até às 9 da noite. "O trabalho é a minha inspiração".
A Câmara de Aveiro já licenciou o projeto de arquitetura, lembrando fonte oficial do Município ao JN que as autarquias não podem chumbar por questões estéticas, a não ser que esteja em causa a reabilitação urbana.