O castelo de Santo Estêvão, em Chaves, regista infiltrações de água que apodreceram soalhos e cobertura. Esta quinta-feira, o presidente da Câmara, Nuno Vaz, chamou os jornalistas para lhes mostrar as misérias da fortificação e dizer que, apesar de ter alertado a tutela, "ainda ninguém mexeu uma palha".
Corpo do artigo
É a olhar para o Castelo de Santo Estêvão, no concelho de Chaves, que Adosinda Chaves, 72 anos, desfia memórias dos tempos em que, ainda menina, ali brincava. Estava em melhores condições aquele que é monumento nacional desde 1939, mas que agora tem os sobrados e a cobertura podres e a ameaçar ruir.
“O castelo tem vindo a degradar-se de forma muito consistente nos últimos anos e o nosso receio é que possa colapsar”, acentuou o autarca, Nuno Vaz, mostrando documentos que provam abundante troca de correspondência, desde 2022, com as entidades que mandam na cultura e no património nacional. Só que “até hoje não aconteceu nada”.
O maior receio do presidente da Câmara de Chaves, da presidente da Junta de Freguesia de Santo Estêvão e da população, frisou Nuno Vaz, “é que as fundações possam estar em causa e que esta fortificação, no seu conjunto, possa ruir”, o que, na sua opinião seria, “a todos os títulos injustificável”.
A autarca da freguesia, Maria José Barros, tem insistido com Nuno Vaz para que se arranje uma solução. Entristece-a ver o monumento “encerrado há uns cinco anos”, porque “não oferece segurança para ser visitado” devido à “degradação provocada pelas infiltrações de água em invernos rigorosos”.
Câmara disponível para ajudar
Também é com tristeza que Adosinda Chaves olha para um castelo onde, noutros tempos, se abria a porta ao domingo para os adultos “jogarem às cartas, às damas e ao dominó”. Noutras ocasiões faziam-se “bailes ao toque do realejo para a mocidade se divertir”.
Lúcia Teixeira, 70 anos, olha para o castelo fechado e sem visitas com muita “tristeza”. “Gostaríamos que olhassem um pouco mais para nós, porque também votamos e gostamos de ver as coisas bem. Não deixem esta torre cair”, suspirou.
A Câmara de Chaves está disponível para ser “parceiro numa solução”, que pode até ser ao “nível financeiro”, para que o Castelo de Santo Estêvão seja reabilitado, já que se trata de um importante atrativo turístico do concelho flaviense e da sua afirmação cultural. “Apesar disso nunca conseguimos”, lamentou Nuno Vaz.
O instituto público Património Cultural disse, ao JN, que “o imóvel é propriedade do Estado Português, não se encontrando afeto à gestão deste Instituto”. Porém, está “disponível para prestar o apoio técnico na elaboração do projeto e no acompanhamento da recuperação que vier a ser promovida”.