Circuito de arte urbana criado por uma dezena de artistas retrata as vivências locais e atrai públicos.
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Um mural em memória do antigo Café Vieira, que existia no centro da vila de Arcos de Valdevez e que vive na memória de várias gerações, tem atraído as atenções, por estes dias, da população local e dos visitantes. A obra da autoria de Daniela Guerreiro e Mariana Duarte Santos é uma das 14 (e mais alguns “apontamentos” artísticos de menor dimensão) que estão espalhadas pela zona urbana daquela localidade e que formam um circuito já oficial de arte urbana.
O conjunto de intervenções artísticas, a maioria conectadas com a identidade, tradições, contexto histórico, protagonistas e vivências locais, é o legado do festival de arte urbana MurArcos, que este ano cumpriu a sua terceira edição. E que reúne espólio visível no espaço público, com criações assinadas por cerca de uma dezena de artistas nacionais e internacionais.
Nuno Soares, responsável da Divisão de Desenvolvimento Sociocultural da Câmara de Arcos de Valdevez, nota que o circuito de murais “é um ativo de visitação”, com “grande impacto” naquela vila do Alto Minho.
Adesão dos locais
“Tem tido a adesão dos locais, que interagem com os muralistas. No primeiro ano, era uma coisa estranha. Agora, fazem perguntas e têm um enorme entusiasmo sobre aquilo que eles estão a desenvolver”, conta. A existência de QR code junto de cada uma das intervenções e a divulgação do roteiro no posto de turismo fazem com que “muitas pessoas já façam esses percursos”. Mesmo outros artistas.
“As pessoas que estão atentas a esta realidade, e que seguem os artistas, o Bordalo por exemplo, já vêm cá para ver, [Arcos de Valdevez] já é uma meca. A intervenção dele chama sempre gente pela importância que tem”, comentou.
Mariana Duarte Santos, que já pinta no MurArcos desde a primeira edição, afirma que Arcos de Valdevez “é quase uma segunda casa”. Este ano, criou, em colaboração com a amiga Daniela, a “homenagem ao Café Vieira”, com base numa fotografia antiga.
“Inicialmente, foi um bocadinho stressante, porque havia pessoas a dar opinião antes de a obra ficar concluída, mas acho que no final ficou toda a gente satisfeita. Temos ouvido bons comentários e histórias do café, memórias das pessoas”, conta.