Cavaco Silva considerou que a maneira como os paivenses ultrapassaram a tragédia de Entre-os-Rios é uma "lição para o país" e exortou os poderes públicos a ouvir "todos e com humildade" para a recuperação ser colectiva.
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Os elogios à população de Castelo de Paiva foram feitos na deslocação do presidente da República ao concelho para inaugurar a biblioteca municipal e uma instituição destinada a acolher crianças e jovens em risco.
O autarca local, Paulo Teixeira, queixou-se da falta de acessibilidades, dando como exemplo os atrasos na construção do IC35 entre Penafiel e Arouca e a Variante à EN 222 que liga Castelo de Paiva à Feira. "Estamos a 14 quilómetros da A4 em Penafiel e demoramos, durante o dia, quase 45 minutos a percorrer a EN 106", disse. Uma outra preocupação do autarca paivense é o desemprego no concelho, que afecta 1.115 pessoas entre os 17 mil habitantes.
Cavaco Silva mostrou-se, particularmente, preocupado com aqueles que perderam o emprego "e não aparecem nas televisões, nos jornais, nem nas manifestações". "É preciso sabermos escolher as prioridades e, por isso, a nossa atenção tem que ir, de forma muito particular, para esses portugueses que são atingidos, neste momento, por uma profunda angústia", frisou.
"É preciso que os poderes públicos trabalhem com todos e não com alguns, e que ouçam todos e não, apenas, alguns, com humildade para que a recuperação seja vista como uma obra colectiva. Vamos precisar muito uns dos outros", avisou o chefe de Estado.
Também por isso, "neste tempo de dificuldades, está difícil entender que alguns tentem desviar a agenda política para temas que não têm nada a ver com o desemprego, com a miséria de algumas pessoas e com a carência alimentar que atinge alguns portugueses. Não desviemos as atenções daquilo que é essencial", exortou Cavaco Silva.
A nova biblioteca é um investimento de um milhão e cem mil, e o Centro de Acolhimento Temporário "Crescer a Cores", em Raiva, é um investimento de 750 mil euros para apoiar 20 crianças e jovens em risco até aos 18 anos. O presidente da Associação, Horácio Moreira, recordou que havia dois caminhos a seguir pelos familiares das vítimas: o silêncio ou trabalhar em prol da comunidade. "Nós escolhemos o caminho mais difícil e o grande desafio começa agora", declarou o responsável pela estrutura.
As instalações foram benzidas pelo Bispo do Porto, D. Manuel Clemente. Além disso, assistiu à inauguração a secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, Idália Moniz.
