<p>O cheiro das castanhas assadas associa-se ao desfilar constante de cavaleiros e amazonas num dia em que até o sol rompe as nuvens a dar o ar de um Verão de S. Martinho na vila que mais celebra o santo cavaleiro, a Golegã.</p>
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No largo do Arneiro, a tradição secular da Feira de S. Martinho, criada por decreto do rei D. Sebastião em 1571, alia-se à Feira Nacional do Cavalo (1972) e à Feira Internacional do Cavalo Lusitano (1999), tornando a Golegã "no maior entreposto comercial do puro sangue lusitano", assegura o presidente da autarquia, José Veiga Maltez.
Fernando "Pilha", filho de um negociante de cavalos, que vem de Leiria à feira há 50 anos, confirma que a Golegã tem sido "um bom sítio para negociar cavalos, e cavalos de muito dinheiro, porque um cavalo bom tanto pode render 5000 como 150 mil euros. Depende do vendedor e do comprador".
"Antigamente na Golegã negociavam-se mulas, machos, cavalos para trabalhar nas colheitas, nas vindimas. Hoje são cavalos de desporto, de passeio, éguas lusitanas que são vendidas para o estrangeiro. Vem muita gente do estrangeiro", disse à agência Lusa.
Para Veiga Maltez, o que torna a Feira da Golegã "um espectáculo único e obrigatório" é o facto de ser uma manifestação "espontânea", que não é "nenhuma reinvenção folclórica como muitas que grassam no país".
"Apesar de ser a capital do cavalo a tempo inteiro durante todo o ano, a Golegã tem a sua apoteose por altura da feira, quando se torna a maior montra do puro sangue lusitano", afirmou à Lusa.
Com eventos a decorrer até domingo na Quinta de Santo António, mas também no Equuspolis, é no Largo do Arneiro que se concentram os que vêm desfilar e os que vêm ver.
Rodeado por pequenas casas de madeira que acolhem as coudelarias, no centro do largo está o picadeiro, onde têm apenas acesso cavaleiros e amazonas trajados a rigor, ficando a manga reservada a todos aqueles que se querem passear montados ou sentados nos carros de cavalos, que exibem orgulhosamente.
As ruas em redor ficam entupidas de gente que evita ser atropelada pelos cavalos, já que os passeios estão ocupados por vendedores de todo o tipo de objectos, com destaque para tudo o que são apetrechos e acessórios ligados ao cavalo, e ainda pelos numerosos restaurantes improvisados em garagens e pátios.
Veiga Maltez realça o trabalho desenvolvido desde que tomou posse pela primeira vez, em 1998, para que a Golegã fosse de facto a capital nacional do cavalo, desde o ensino da equitação aos alunos das escolas do concelho, à criação da Associação Nacional de Turismo Equestre e à construção de infra-estruturas.