José Pedro Rodrigues, vereador da CDU, diz que o "Porto de Matosinhos está ao abandono" e reclama "obras de reparação profundas e urgentes em todo o porto e demais espaços da atividade de pesca". Desafia a autarca Luísa Salgueiro a "pressionar o Governo para que se invista a tempo de evitar o colapso da atividade".
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O vereador insiste na urgência da intervenção depois da embarcação “Praia do Neiva” ter afundado na madrugada de segunda-feira. "Na reunião da Câmara de Matosinhos [quarta-feira] tornei a sublinhar a gravidade do problema e a exigir que a Câmara Municipal pressione o Governo para dar uma resposta rápida que salvaguarde a segurança de todos os trabalhadores que saem ao mar e os que trabalham em terra, e que a Câmara de Matosinhos pressione o Governo para que essa resposta seja imediata", dá conta.
O vereador exige a tomada de medidas e com rapidez: "Desafiei novamente a presidente de Câmara Municipal de Matosinhos a pressionar o Governo a concretizar com urgência os investimentos por diversas vezes anunciados e nunca concretizados. Atualmente, o Porto de Pesca de Matosinhos e os espaços de comércio e armazenamento de peixe são dos mais degradados do país, e é fundamental que se invista a tempo de evitar o colapso da actividade".
José Pedro Rodrigues faz o histórico dos investimentos prometidos: "Foram sendo feitos diversos anúncios por parte da Docapesca de lançamento de empreitadas para a reabilitação no cais de acostagem 1, com a renovação de escadas e defensas, tendo o último sido feito em maio de 2022 apontando a conclusão dos trabalhos no final de 2023. Na mesma altura (2022) foi também tornado público pela Docapesca a previsão de outras intervenções que iriam incluir a reabilitação da Ponte-cais n.º 2, a requalificação do edifício da lota e a construção do novo mercado de 2.ª venda, num montante global de mais de 7,5 milhões de euros".
"A verdade é que nada mudou, estando as condições de acostagem e de entrada e saída das embarcações numa situação deplorável, pondo claramente em causa a segurança e as condições de trabalho das tripulações, não houve requalificação do edifício da lota nem novo mercado de 2ª venda", denuncia.
"Por outro lado, as condições de circulação dentro do porto, nomeadamente ao nível da má conservação do pavimento, criam constrangimentos e dificuldades na circulação de viaturas, particularmente de empilhadores, pondo também em causa a segurança desta operação. Finalmente, têm sido identificados problemas graves de insalubridade em toda a área do porto que levaram inclusivamente ao encerramento temporário da lota, estando também sinalizados problemas com infestações e pragas de animais, que levantam preocupações com a saúde e segurança de todos os que trabalham no porto de pesca de Matosinhos assim como ao nível da higiene e segurança alimentar do pescado”, concretiza.
"Até algo mais grave acontecer"
O afundamento da “Praia do Neiva” agravou as preocupações. "Na madrugada de domingo para segunda, uma embarcação afundou e tudo indica que foi precisamente pelas más condições de acostagem. Desta vez foram só danos materiais, mas é só uma questão de tempo até alguma coisa mais grave acontecer", antecipa.
"Segundo fontes ligadas às várias associações de pesca e segurança marítima, foram precisamente as más condições dos cais no Porto de Leixões, designadamente a falta de defensas, que faz com a que a embarcação tenha embatido diretamente nas escadas de acesso que ficam mais salientes por não haver defensas, que determinaram a submersão da embarcação 'Praia do Neiva'. A amplitude das marés é grande, sendo que depois de atingir o ponto limite da baixa-mar a maré começa a encher e a embarcação ao recuperar com a maré meteu-se debaixo das referidas escadas, ou seja, começou a adornar e já não conseguiu recuperar, tendo submergido", conclui.