A CDU saudou, domingo, a participação de moradores num referendo local na freguesia de Benfica, em Lisboa, sustentando que revela o desejo de uma outra política de mobilidade e parqueamento, e "uma solução justa do problema do estacionamento".
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Cerca de 80% dos 9476 eleitores que votaram em referendo em Benfica recusaram o alargamento do estacionamento pago nesta freguesia lisboeta.
Em comunicado, a CDU considerou que "o grave problema do estacionamento na freguesia de Benfica, que muito preocupa moradores, trabalhadores e comerciantes" levou a maioria dos eleitores que participou no referendo a rejeitar a introdução do estacionamento tarifado de forma generalizada na freguesia.
"Concorda que a Junta de Freguesia de Benfica emita um parecer favorável à colocação de parquímetros nas zonas de estacionamento de duração limitada de Benfica?" foi a questão colocada aos moradores de Benfica no referendo, que decorreu até às 19:00 em escolas da freguesia, e no qual podiam votar os 30.756 eleitores recenseados.
Contactado hoje, no final do referendo, pela Lusa, o presidente da Junta de Freguesia de Benfica tinha indicado que estes resultados provisórios - que já foram enviados à Comissão Nacional de Eleições (CNE) - revelaram 79,84% de votantes contra o alargamento de estacionamento pago e 20,16% a favor, com 0,35% de votos nulos e 0,09% em branco.
Para a CDU, a solução passa pela "criação de novos lugares de estacionamento em superfície, altura e profundidade a par da construção de parques dissuasores na entrada da cidade com ligação a transportes públicos".
"E a aposta numa rede de transportes públicos de qualidade, tendencialmente gratuitos, e com horários regulares são a condição para uma solução justa do problema do estacionamento na freguesia de Benfica e na cidade de Lisboa", acrescentou.
O resultado do referendo foi enviado para a CNE para ser validado em 48 horas, e na próxima semana o presidente da junta de freguesia, Ricardo Marques, irá marcar uma reunião com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, a Empresa Municipal de Estacionamento e Mobilidade de Lisboa (EMEL), e a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa para o avaliar.
O autarca recordou que tem atualmente duas petições na Assembleia Municipal à espera de um parecer: uma pelo sim, para a entrada da EMEL numa zona limitada, e uma outra que defende a não entrada do estacionamento pago.
O presidente da junta de freguesia disse à Lusa que defendeu, desde o início do processo, que iria "respeitar a opção da maioria dos votantes, e dar parecer no mesmo sentido", ficando o posicionamento da junta contra a entrada da EMEL em mais zonas de Benfica.
A Junta de Freguesia de Benfica também emitiu um comunicado indicando que o resultado obtido através deste referendo "irá agora constituir a base para o parecer da Junta de Benfica sobre o alargamento da atuação da EMEL a novas Zonas de Estacionamento de Duração Limitada, já existentes na freguesia, dando continuidade ao compromisso assumido de auscultar a opinião da comunidade antes de emitir qualquer parecer sobre esta matéria".
A nota também refere que 80% dos votantes optaram pelo "não" ao prolongamento do estacionamento pago, e 20% votaram "sim". Do total de moradores recenseados em Benfica verificou-se 70% de abstenção.