Cegonhas da chaminé do Lidl continuam sem ninho alternativo em São João da Madeira
O Lidl diz que está a “trabalhar ativamente” para repor, até ao final de fevereiro, o ninho de cegonhas que retirou no dia 11 de janeiro das suas instalações em São João da Madeira, mas não adianta datas para a prometida colocação de ninhos alternativos.
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Não pára de crescer a contestação à retirada do ninho de cegonhas que se encontrava há cerca de 30 anos na chaminé da antiga fábrica de chapeleira Nicolau da Costa & Cª Lda, local atualmente ocupado por um supermercado Lidl. O caso mereceu inclusivamente uma denúncia ao Ministério Público por alegadas irregularidades na licença do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
O Lidl reafirmou, esta sexta-feira, ao JN, que a autorização concedida pelo ICNF ao Lidl “exige que o ninho seja reposto até ao final do mês de fevereiro, estando o Lidl a trabalhar ativamente para que o ninho seja reposto, em condições melhores do que as verificadas inicialmente, dentro deste prazo”. Na passada semana, o Lidl prometeu a instalação de vários “ninhos alternativos” para as cegonhas, mas até ao momento tal não aconteceu.
O Lidl "propôs-se voluntariamente a financiar a instalação de ninhos adicionais, estando até ao momento a aguardar a identificação de localizações apropriadas e disponíveis para o efeito por parte das autoridades competentes”. Contudo, continua sem apresentar data, ou estimativa, para a prometida alternativa.
A colocação de ninhos alternativos contava com a colaboração da associação ambientalista IRIS, que procurou ativamente locais para o efeito. Contudo, na passada terça-feira, a IRIS veio a público acusar o Lidl de ser ter “furtado a assumir a responsabilidade civil por danos ou acidentes” que poderiam ser causados no local alternativo encontrado, “o que motivou a recusa da empresa proprietária”.
“Gorou-se, assim, a colocação do ninho que seria uma verdadeira alternativa ao destruído, possibilitando a nidificação ainda este ano”, referiu, ainda, em comunicado, a associação ambientalista.
Denúncia ao Ministério Público
Esta sexta-feira, foi tornado público que uma cidadã sanjoanense, Ana Albuquerque Barata, efetuou uma denúncia ao Ministério Público (MP) por alegadas irregularidades na licença do ICNF para a operação.
Segundo a agência Lusa, a autora da queixa reconhece que o licenciamento foi solicitado, mas acusa o instituto público de, ao autorizar a remoção do ninho, desrespeitar as suas próprias normas, já que os pressupostos expressos na licença "contrariam os próprios documentos do ICNF”.
Questionado pela Lusa, o ICNF não quis comentar a queixa ao MP. O Lidl, por sua vez, afirmou que, “quando notificado, cooperará com o Ministério Público, disponibilizando toda a documentação e informação relevante”.
A empresa tem vindo a justificar a intervenção com a “necessidade de reabilitação estrutural desta chaminé, com o propósito de garantir a preservação da mesma para o futuro”.