Centenária "Ginjinha Sem Rival" corre o risco de fechar portas na baixa de Lisboa
Aberta ao público desde 1890 na Rua de Portas de Santo Antão, em plena baixa pombalina, a "Ginjinha Sem Rival" corre agora o risco de fechar as portas, mas Nuno Gonçalves, gerente e um dos proprietários deste histórico negócio familiar, não baixa os braços.
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O homem de 52 anos já reuniu com a autarquia de Lisboa e espera ter nesta um forte aliado para demover o novo proprietário do prédio onde tem o negócio de encerrar o estabelecimento que, para além de histórico em Lisboa, emprega quatro pessoas.
"O prédio onde estamos funcionava como um aparthotel e o novo proprietário quer transformá-lo em hotel, com mais quartos que os atuais", explica Nuno Gonçalves. "Como consequência das obras de requalificação com vista à transformação em hotel e na qualidade de inquilinos, fomos notificados no ano passado sobre a renúncia do contrato de arrendamento a partir do final de junho". O proprietário diz ter tentado demover o novo proprietário, mas sem sucesso. "Não me quer ouvir de maneira nenhuma", lamenta.
A "Ginjinha Sem Rival" vai permanecer no espaço, apesar da decisão do novo proprietário do prédio. "Tenho advogados a tratar do assunto. Não podemos sair para outro local, a relocalização é impensável devido a toda a história centenária do estabelecimento", afirma Nuno Gonçalves.
O gerente e um dos proprietários da "Ginjinha Sem Rival" reuniu com a autarquia, que de acordo com o próprio, não tem um programa para proteger o comércio histórico do "investimento imobiliário", mas apenas de ajudas no pagamento de rendas. "Nós pagamos três mil euros em renda, não precisamos de ajuda, queremos apenas permanecer no espaço e acredito que com a autarquia vamos conseguir demover o novo proprietário da decisão de nos fazer sair e permanecer, mesmo enquanto decorrerem as obras".
Nuno Gonçalves queixa-se de não existirem instrumentos legais para proteger o comércio local e histórico de investidores imobiliários. "A lei tem que ser alterada e por isso lancei uma petição pública para que este assunto seja discutido no Parlamento. "Enquanto comerciantes inquilinos, não temos qualquer proteção. Temos direito de preferência quando o prédio é vendido, mas não queremos comprar o prédio, apenas a fração onde se encontra o nosso estabelecimento e isso não é possível", lamenta.