Centro de Recolha Animal Oficial de Famalicão está “completamente lotado” e com uma lista de espera de cerca de duas centenas de animais.
Corpo do artigo
Talisca tem seis anos, não tem raça definida, e está desde 2020 no CROA - Centro de Recolha Animal Oficial de Famalicão. Com ele moram outros 160 cães e gatos. Sem raça definida, de porte médio e pelo castanho, é dócil e meigo, sociável com pessoas e outros animais e tem uma energia sem fim. Foi recolhido numa das ruas da freguesia de Vermoim.
Recolher cães como o Talisca, que estejam em perigo “nomeadamente de ser atropelados, animais com ninhadas (que são muitos), normalmente deixados por alguém no meio do monte”, é a prioridade daquele centro de recolha.
O CROA tenta dar resposta aos “animais errantes” e neste momento está “completamente lotado” e com uma lista de espera de cerca de duas centenas de animais. “Há pessoas que querem entregar os animais porque emigram, porque se divorciam, mudam de casa ou simplesmente porque não os querem”, diz Hélder Pereira, vereador do Bem-Estar Animal da Câmara de Famalicão. São estes animais, com tutor, que integram a lista de espera.
“A nossa prioridade para já, são os animais de rua, mas se vamos tendo disponibilidade, vamos dando resposta aos mais urgentes”, acrescenta o autarca.
Atualmente, o espaço acolhe 160 animais, mas a lotação para o “bem-estar ideal” seriam 120 cães e gatos. “Não podemos ultrapassar [o número atual] porque há boxes onde deveriam estar dois e estão quatro cães e por isso temos de estar com atenção redobrada. E não é isso que queremos”, apontou Fidélia Aboim, a veterinária municipal. “Por isso, aqueles que não estão em perigo, têm abrigo e comida terão de ficar em espera e os que estão na via pública têm prioridade”, frisou.
Enérgicos ou calmos
E, de facto, ao circular pelo CROA é percetível que grande parte, senão a totalidade, foi recolhida na rua. Uns mais enérgicos, outros mais calmos, uns mais sociáveis, outros menos, todos dão um ar da sua graça mal pressentem pessoas.
Já a Mascote – nome dado à cadela que há vários anos foi adotada pelo próprio centro – é a única que mantém uma certa sobriedade. Sempre atrás dos seus “donos”, mas afável com todos, vai seguindo a reportagem do JN.
Até maio deste ano já foram adotados 131 cães e 241 gatos. Em 2024, foram recolhidos 463 cães e adotados 145, e recolhidos 592 gatos e adotados 532.
Apesar do número de adoções ser “positivo”, Hélder Pereira sublinha que este ainda não consegue suplantar o número de animais que entra no CROA. Contudo, há um trabalho no sentido de promover as adoções e consciencializar a população.
“Há uma sensibilização, há um trabalho feito quer ao nível dos grupos etários mais baixos indo às escolas, participando em vários eventos, nomeadamente em festas das comunidades, e todos os sábados há as ‘Manhãs CROA’”, explicou a veterinária. “Para que as pessoas possam vir conhecer, interagir com os animais, até trazerem um animal que já tenham para andar no nosso parque com outro que queiram adotar”, acrescentou.
A Câmara gasta anualmente, em pessoal e despesa corrente com CROA cerca de 700 mil euros. Além dos 11 assalariados, o centro conta com a ajuda de voluntários que trabalham “essencialmente a socialização”. “Queremos animais que estejam habituados às pessoas”, nota Ana Silva, chefe de serviços.