Um "triste episódio" é como a família de Maria, de 88 anos, classifica a troca de doentes em que a idosa, residente em Teixeira, aldeia do concelho de Arganil, se viu envolvida. O incidente ocorreu na quinta-feira, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), que lamentou o sucedido.
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A paciente de Teixeira deu entrada na urgência na terça-feira, com sintomas de AVC, que se veio a confirmar. A filha, Idalina Leite, conta que na quarta-feira ao final do dia foram contactados pelo hospital a informar que a mãe iria ter alta, o que acabou por acontecer já na manhã seguinte.
Face à "impossibilidade" de a família ir buscar Maria, o CHUC acionou o serviço de transporte de doentes, para transportar a octogenária a casa, onde a ambulância chegou por volta das 11 horas. "O meu pai abriu-lhes a porta e indicou-lhe o caminho para o quarto", relata Idalina Leite.
Já com a doente deitada na cama, as duas funcionárias do serviço de apoio domiciliário do Centro Social da Freguesia de Cepos, que presta auxílio ao casal, constataram que não era a dona da casa que estava no quarto, mas outra pessoa que não conheciam. "A senhora disse o nome dela e que tinha 94 anos", conta a filha de Maria, adiantando que, ao aperceberem-se do engano, as funcionárias da instituição "correram atrás da ambulância", que se encontrava ainda na rua a fazer manobras.
A equipa responsável pelo transporte regressou a casa, sem conseguir explicar o ocorrido, e levou a doente de volta ao hospital. A viver em Lisboa, Idalina Leite recebeu um telefonema do pai a contar-lhe o sucedido. Estava "muito nervoso e sem saber o que fazer", conta a filha, que entrou em contacto com o CHUC para saber onde estava a mãe e o que tinha acontecido.
"A explicação que me deram do hospital é que a minha mãe estava numa maca, no corredor da urgência, mas que foi transferida para uma cadeira-de-rodas. Entretanto, puseram a outra senhora na maca onde ela estava e a equipa que fez o transporte não deu conta dessa mudança", revela Idalina Leite, sem conseguir precisar a entidade que efetuou o serviço.
Contactados pelo JN, tanto os Bombeiros Voluntários de Arganil como a delegação de Coimbra da Cruz Vermelha negam ter realizado este transporte. O JN tentou obter essa informação junto do CHUC, que não facultou esse dado. O hospital também não prestou esclarecimentos sobre o assunto. Num curto comunicado, onde confirma a troca, a instituição limita-se a lamentar o incidente e a sublinhar que da "ocorrência não resultou qualquer prejuízo para as utentes envolvidas" no processo.
"A minha mãe, com 88 anos, esteve o dia todo no corredor da urgência à espera que a fossem buscar. Só chegou a casa ao final da tarde, por volta das 19 horas", lamenta Idalina Leite. A Cruz Vermelha de Coimbra confirma ter feito o transporte "correto" da paciente de Teixeira.
À semelhança do que acontece noutros hospitais, a urgência do CHUC tem registado, nas últimas semanas, uma grande afluência. Fonte hospital refere que, "por vezes", os serviços de transporte de doentes não conseguem dar resposta no imediato aos pedidos, pelo que os doentes já com alta acabam por ficar no local a aguardar que haja disponibilidade.