O C-RIO Centro Interpretativo do Rio, que é esta sexta-feira inaugurado em Águeda, vai permitir mergulhar a fundo no valor natural e cultural do rio Águeda. Vai funcionar num edifício devoluto e conta com aquários, informações sobre os cursos de água e inovações multimédia para cativar os visitantes.
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No edifício, numa das margens do rio, há aquários com peixes de espécies nativas e invasoras, informação sobre os 1500 quilómetros de linhas de água existentes no concelho, depoimentos com memórias e brincadeiras para os mais pequenos, tirando partido de uma forte componente multimédia.
O centro apresenta um percurso ondulado, à semelhança das ondas. À entrada, é possível conhecer mais sobre a bacia hidrográfica do rio Vouga. Seguem-se cinco aquários onde podem ser vistas 10 espécies de peixes: sete da ictiofauna local (como barbo, ruivaco, truta e enguia) e três exóticas (góbio, perca-sol e gambúsia), que “ajudarão a sensibilizar para a necessidade de conservar as espécies autóctones e alertar para os problemas que as invasoras podem causar nos ecossistemas”, explica a bióloga da autarquia, Beatriz Mendes. Os peixes chegaram há várias semanas, para se ambientarem ao espaço, numa ação que teve o apoio do fluviário de Mora.
Numa zona dedicada à cultura do rio, é possível ouvir depoimentos que preservam as memórias de pessoas da região. Na parede oposta, pode-se tocar em texturas que se assemelham a seixos, escamas e pele de anfíbios, por exemplo. Numa outra área é possível fazer experiências para conhecer o pH da água, ver preparações ao microscópio e aprender sobre o impacto da flora invasora.
Atividades pedagógicas
O percurso desemboca numa sala que permite atividades pedagógicas. É ali que os mais pequenos poderão pintar peixes que serão depois projetados num vídeo, a nadar ao lado de peixes reais.
Numa segunda fase, que se prevê possa estar pronta no início do próximo ano, será ali criada uma “sala imersiva”. No final da visita, as pessoas poderão assistir a um espetáculo no qual terão a sensação de estarem debaixo do rio a verem a riqueza da fauna e flora”, adianta o vice-presidente, Edson Santos. Esse efeito será conseguido graças à projeção em três paredes de um vídeo que narra a história do rio.
Para criar o C-RIO, a Câmara aproveitou um edifício construído há cerca de 20 anos. Era para ser o Centro de Canoagem de Águeda, mas, devido a problemas relacionados com a posse dos terrenos, nunca funcionou. O processo andou anos em tribunal, até que foi firmado um acordo e a autarquia tomou conta do edifício. Mas, nessa altura, já existia outro centro de canoagem e o edifício tinha sido “vandalizado”, explicou o presidente da Câmara, Jorge Almeida.
Atividades náuticas e parque
O novo centro, que deu vida ao edifício, surgiu ao abrigo do projeto LIFE Águeda e representa um investimento de cerca de 470 mil euros, financiado através do Centro 2020 (356 mil euros para o edifício) e LIFE (para a área expositiva). Ainda nem foi inaugurado e já ganhou o prémio Smart Cities António Almeida Henriques, na categoria Reabilitação Urbana, Sustentável e Inteligente, o que “comprova o seu valor”, sublinha o edil, que acredita que o C-RIO será um “polo de atração” para famílias e escolas.
Para tornar maior a atratividade do local, foram instalados balneários na parte inferior do C-RIO, que darão apoio à realização de atividades náuticas no rio, como canoagem e passeios de gaivota. Naquela margem (oposta à cidade) também será possível aceder às piscinas que são criadas no rio durante o verão. Junto ao edifício existe um percurso pedestre, com cerca de um quilómetro, onde as pessoas podem aproveitar para estar em contacto com a natureza.
No futuro, será criado naquele local o parque da cidade e será construída uma “ponte pedonal, ligada à ponte rodoviária que já existe, para que as pessoas que se deslocam de bicicleta e a pé possam passar para o outro lado”, revelou Edson Santos.