Maria Jorge Torres deu, em dois anos, uma volta à sua vida com trabalho inspirado em Trás-os-Montes.
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A artista que se dedicava à pintura mudou-se do Porto para a aldeia de Rebordelo, em Vinhais, há dois anos, e passou a fazer cerâmica. A interioridade não lhe tolheu a imaginação. Como ceramista não só passou a ser mais conhecida, como a vender mais. E já chegou a Nova Iorque.
Nascida no Porto, Maria Jorge decidiu ir viver para Rebordelo no ano 2020, por ter ficado desempregada durante o confinamento decretado por causa da pandemia. "A minha mãe é desta aldeia e os meus pais decidiram vir viver para cá em 2019. Eu vim no ano seguinte. Decidi montar a minha oficina no rés-do-chão da casa dos meus pais, pois sempre sonhei viver da minha arte, nomeadamente da cerâmica", explicou.
É deste "cantinho", como lhe chama, que saem algumas das suas peças mais icónicas, que fazem furor no Nordeste Transmontano e que já correm o país e o mundo. Um dos locais para onde vendeu, quer pessoalmente quer pela internet, é Nova Iorque.
Um dos seus trabalhos mais relevantes é a coleção de loiça que produziu para o Restaurante G, localizado em Bragança, galardoado com uma estrela Michelin. Muitas dessas peças foram baseadas nos cogumelos selvagens, nos ouriços da castanha e em flores.
"Foi uma oportunidade incrível porque os proprietários do G são pessoas que enaltecem o Nordeste e o levam para todo o lado", observou Maria Jorge.
Caretos, máscaras, imagens do Santo António e de Nossa Senhora, loiças decoradas com as flores do mel, hortênsias e bolotas, são das peças que fazem mais sucesso. "A inspiração é sempre a natureza que me rodeia", descreveu.
Redes sociais
Apesar de ser formada em pintura, é na cerâmica que Maria Jorge se realiza. "As pessoas ficaram a conhecer o meu trabalho através das redes sociais. Não tive mãos a medir no Natal", conta.
Mudar para Vinhais acabou por ter um "impacto brutal" no seu trabalho. "Trouxe para dentro a natureza, o confronto visual e uma sensação de paz que me conferem as hortênsias e as flores de mel. Foram apontamentos que fui vendo nos meus passeios em Rebordelo", descreveu.