A segunda edição do Guimarães Beer Fest, inaugurada anteontem e a decorrer até este domingo, no Instituto de Design de Guimarães (Fábrica da Ramada), registou casa cheia nos primeiros dias e para este fim de semana a expectativa é ainda maior. Prontas a sair das torneiras há 80 qualidades diferentes.
Corpo do artigo
Rui Almeida tem que pôr os visitantes todos a beber para poder conversar com o JN. A sua banca está sempre recheada de apreciadores, que fazem fila para provar um trago das 15 qualidades de cerveja que este camionista de Vila Nova de Poiares produz, "só com a ajuda da minha mulher".
A fórmula repete-se em várias destas cervejeiras artesanais: o casal gostava muito de cerveja, começou a fazer em casa para os amigos e a produção foi crescendo até se tornar num negócio. "Antes andava nos transportes internacionais, depois passei para os ibéricos e agora só trabalho em Portugal, porque tenho que voltar a casa todos os dias para verificar as fermentações", refere.
Não consigo produzir para fora, vendo a cerveja toda diretamente, em feiras e na internet
Ali ao lado, o "Canil", de Leandro Ferreira, é uma cervejeira com outra estrutura. "Temos dois bares em Lisboa, um na Baixa outro no Marquês, com 32 torneiras num e 36 no outro", diz o brasileiro, filho de um trasmontano, que escolheu a terra paterna para dar asas ao negócio. Leandro, como a maior parte dos cervejeiros presentes na Beer Fest, é um apaixonado pela arte, "por isso, no "Canil" a filosofia é oferecer tanta variedade quanto possível". E vai tentando convencer Rui Almeida a vender-lhe a "Boazona".
"Não consigo produzir para fora, vendo a cerveja toda diretamente, em feiras e na internet", desculpa-se o camionista, mestre cervejeiro nas horas vagas.
Quando eu e Ana fazíamos para os amigos, todos diziam que era boa, por isso ficou Boazona
Os nomes cumprem um papel importante no marketing destas cervejas, capazes de correr riscos interditos às grandes marcas. "Comecei num espaço que era um canil, na casa do meu pai, em Vila Real. Dai o nome", esclarece Leandro. "Quando eu e Ana fazíamos para os amigos, todos diziam que era boa, por isso ficou "Boazona"", conta Rui Almeida.
Os Deuses do Malte, de Vila Nova de Gaia, têm uma gama de cinco cervejas - Red Lager, Stout, Strong Ale, Pilsner Premium e Trigo - a que chamam "Kenga - A cerveja que dá prazer". O símbolo é uma pinup, morena, ruiva ou loira, mas sempre em minissaia, top, salto alto e liga de renda.
"Há um pouco de machismo nesta ideia de que a cerveja é para os homens", lamenta Tânia Pereira que veio com a irmã. "Viemos para beber cerveja. Ofereceram-nos sangria de cerveja, que por acaso era muito boa, mas nós viemos para beber cerveja a sério", acrescenta com um sorriso. Mas, olhando em volta, no espaço completamente preenchido da antiga fábrica de curtumes, há tantas mulheres de copo na mão como homens.