O "Doze, Nordeste" junta produtos da Terra Fria, Terra Quente e Douro Superior e é vendido em embalagens com assinatura de artistas locais, que juntam à pastelaria a cultura e a tradição do Nordeste Transmontano.
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Chama-se "Doze, Nordeste", numa referência direta a todos os concelhos do distrito de Bragança. É um bolo regional que "utiliza unicamente ingredientes do nosso território, respeita o saber fazer da nossa comunidade, acrescentando-lhe apenas uma pitada de criatividade e inovação", refere Eurico Castro, o chef de pastelaria, que assume esta criação como "um sonho", que quer partilhar com todo o território e que tem como ambição criar na doçaria uma identidade territorial abrangente. "A ideia foi agregar os 12 concelhos do Nordeste Transmontanos e ir buscar o que mais identifica cada um deles e tentar transformar um produto que tenha a identidade de cada um", conta.
Quem provar o "Doze, Nordeste" consegue viajar até à Terra Quente e Douro Superior, através do azeite, das amêndoas e das nozes, e transportar-se rapidamente até à Terra Fria, com as castanhas ou as cerejas, sem esquecer o mel de toda a região, o vinho do Porto do Douro Superior e a farinha do Planalto Mirandês.
Apesar de já ter registado a marca, Eurico Castro está disponível a ceder os direitos de exploração do doce a todas as pastelarias do distrito que o queiram comercializar. "Em parceria com uma empresa sedeada em Mirandela, única na região que se dedica à comercialização de matérias-primas na área da pastelaria, disponibilizo a receita, cedo gratuitamente os direitos de exploração, para que quem quiser tenha acesso e possa fazer a sua reinterpretação do doce", afirma.
O doce regional é vendido em embalagens com a assinatura de artistas locais, que juntam à pastelaria a cultura e a tradição do Nordeste Transmontano. "Agreguei vários artistas no sentido de promover não só a nossa cultura gastronómica como a cultura em geral, nomeadamente as máscaras", acrescenta.
Miguel Moreira e Silva é um dos artistas plásticos que respondeu ao desafio de Eurico Castro, assinando a rotulagem de duas embalagens: a pintura de uma máscara de caretos e outra com uma fotografia de uma peça própria, também uma máscara. "Respondi ao apelo do Eurico para criar um rótulo que tivesse, de alguma forma, a ver com a nossa identidade. Há uns anos desenvolvi um projeto que contou com o apoio do Ministério da Cultura, que tinha como título Careto, Rutura e Continuidade. Achei que fazia sentido dar continuidade e apresentar esse trabalho nesta iniciativa", conta.
Patrícia Cordeiro participa com fotografias de caretos, ela que foi a mentora e a principal obreira da candidatura que levou a UNESCO a reconhecer os Caretos de Podence como Património Imaterial da Humanidade.
Juntam-se ao grupo Inês Falcão, pintora que trabalha neste projeto também os temas das máscaras e ainda José Pedro Teixeira, designer gráfico que cria uma linha diferente, abordando a temática do HipHop, tentando agradar a um público mais jovem.
O "Doze, Nordeste" já está à venda em "A Confeitaria", em Mirandela.