“Choveu mais na região do Lima em 15 dias do que em dois anos no Algarve”
O vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), José Pimenta Machado, afirmou, esta quarta-feira, que as alterações no clima, estão a afetar o país de forma desigual e que é necessário "preparar os territórios" em termos de gestão da rede hidrográfica para enfrentar os seus efeitos.
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Durante a visita a uma intervenção de reabilitação da rede hidrográfica de S. Simão, em Mazarefes, Viana do Castelo, realizada no âmbito do programa REACT-EU, Pimenta Machado, alertou para as diferentes realidades que se vivem em Portugal e que sinalizam que "o clima está a [mesmo] mudar".
"Ontem (terça-feira) estive no Algarve a falar de seca e, neste mesmo país, tão pequeno, mas tão diferente, vou dar um número que vos vai assustar: este ano, os números que nós temos, no rio Lima, um rio difícil, em 15 dias - nas chuvas que ocorreram no final de outubro e primeira semana de novembro -, choveu mais do que chove em dois anos no Algarve", declarou na conferência de imprensa na câmara de Viana do Castelo, que antecedeu a deslocação à freguesia de Mazarefes.
"O mesmo país e com estas realidades tão diferentes, obviamente que se lançam desafios do ponto de vista da gestão da nossa rede hidrográfica", comentou, considerando que "o clima está a mudar. Vamos ter tempestades mais intensas e mais frequentes, chuvas mais concentradas. Temos de preparar o território, as cidades, para essa nova realidade".
"O tema das cheias é uma realidade e, portanto, muitas vezes, se calhar, teremos de usar soluções mais pesadas, naquela lógica de procurar a nossa rede hidrográfica ao clima", sublinhou, destacando ainda que "estamos num tempo de bater recordes, de temperatura, em janeiro tivemos um tempo muito quente e muito seco, inacreditável, e de bater recordes de picos de precipitação. Este ano foi um exemplo incrível disso". "Infelizmente, vamos ter agora 15 dias sem chuva. Vai aquecer o tempo. A sul não vai chover nada, o que nos preocupa", prosseguiu, concluindo que em termos de recordes também se registaram ao nível de "recuos de costa e incêndios".