A chuva intensa que nos últimos dias varreu a Cova da Beira, sobretudo a de domingo, arrasou com a produção de cereja desta semana e da próxima e esmoreceu as expectativas mais otimistas dos produtores.
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A cereja que estava pronta a colher rachou e vai, consequentemente, apodrecer.
Patrique Martins, que há umas semanas previa, em conversa com o JN, uma perda na ordem dos 70%, assume esta segunda-feira que a cereja que ia apanhar agora ou fica nas árvores ou vai para o lixo, porque o custo da mão de obra não compensa apanhar o fruto, que não vai vender.
A cereja não está em condições para ser apanhada e consumida, nem sequer ser vendida para a indústria transformadora, como a das compotas, por exemplo, por ser um segmento sem grande expressão e em que "os produtores de compota compram o refugo da cereja boa e não conseguem absorver mais produto".
Visão idêntica a de outros produtores da região que desde esta manhã têm feito chegar a sua preocupação à CerFundão - Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira.
"Na campanha deste ano tínhamos previsto ultrapassar as mil toneladas de cereja, mas depois das quebras iniciais, e numa previsão mais otimista, apontávamos para as 500 toneladas, mas depois do que aconteceu estes dias, sobretudo a chuva de ontem, nem às 350 toneladas devemos chegar", lamenta Paulo Ribeiro, da CerFundão.
A campanha ainda conta com cerca de quatro semanas de colheita, mas as variedades que iam ser apanhadas estas duas semanas registam "uma perda quase total".
Os produtores estão desesperados e a fazer contas à vida e questionam "como é que vão pagar as contas", porque "as estruturas têm de ser mantidas e os pomares tratados e preparados para a próxima campanha".
Mas, "sem dinheiro não se fazem os investimentos necessários e, consequentemente, a qualidade da cereja vai decair".
O que vai decair acentuadamente nas próximas semanas é a quantidade de cereja que chega ao mercado ao contrário do preço das poucas que aparecerem, que seguramente disparará.